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No Hospício

“A palavra não deve ser para a alma senão um sinal misterioso, muito discreto, muito austero, muito augusto, só perceptível à visão dos espíritos. Parece mesmo uma deplorável extravagância da nossa natureza incompleta este capricho de reduzir a medida e a cadência as grandes emoções a que a alma se exalça em certos momentos.” (Rocha Pombo)

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

SEUS OLHOS (Almeida Garrett)


Seus olhos - se eu sei pintar
o que os meus olhos cegou -
não tinha luz de brilhar,
era chama de queimar;
e o fogo que ateou
vivaz, eterno, divino,
como o facho do Destino.

Divino, eterno! - e suave
ao mesmo tempo: mas grave
e de tão fatal poder,
que, num só momento que a vi,
queimar toda alma senti...
Nem ficou mais do meu ser,
senão a cinza em que ardi.