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No Hospício

“A palavra não deve ser para a alma senão um sinal misterioso, muito discreto, muito austero, muito augusto, só perceptível à visão dos espíritos. Parece mesmo uma deplorável extravagância da nossa natureza incompleta este capricho de reduzir a medida e a cadência as grandes emoções a que a alma se exalça em certos momentos.” (Rocha Pombo)

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A arte de ser pai?

A mamãe, uma professora trabalhadora - pobre sofredora - veste seu filho de dois anos de idade - indivíduo consciente de seus deveres e o espaço que ocupa no mundo contemporâneo - com uma peça de roupa caríssima para deixá-lo dentro de casa, com a porta do banheiro aberta, após desinfetar todo o ambiente com clorofina. Ela olha para o filhinho e diz "a mamãe passou clorofina em todas as paredes do banheiro, então não entre aqui, tá?" e vai ver a imperdível novela da tarde. A criança - muito concisa de seus deveres no meio social - entra no banheiro para brincar e inutiliza a roupa que a mamãe falou para não sujar. Que feio! A mamãe - pobre e inocente ser baixado na Terra -, quando vê o resultado da maldade do filho, grita, morde e bate nele até não ter mais forças nas duas mãos. Depois volta a ver TV.

Agora vamos recontar essa história:

A mamãe - criatura que ganha a vida dando aulas de forma anti-didática: na frente de uma classe de madeira, mandando os alunos ler e responder as páginas do livro "porque semana que vem tem prova" de preencher lacunas - veste seu filho de apenas dois anos (veja bem, eu disse DOIS ANOS. Porra, não dá para aumentar mais isso!!!) com uma peça de roupa caríssima e inútil para deixá-lo dentro de casa, com a porta do banheiro aberta, depois que ela desinfetou o banheiro com clorofina. Ela olha para a criança e diz "a mamãe passou clorofina em todas as paredes do banheiro, então não entra aqui, tá?" e vai ver a maldita novela de sei-lá-que-raio-de-canal! A criança, inocente e sem noção dos seus atos, ainda, entra no banheiro para brincar e inutiliza a roupa que a debilóide da mãe colocou e mandou não sujar. A mulher, estressada com a vida que tem e por não ter a roupa e as jóias que aparecem na novela, vê o resultado da brincadeira do filho de dois anos. Ela levanta da cadeira, grita com a criança, morde e bate até não ter mais força ou vontade de continuar batendo. Depois ela volta para a TV.

Essa é a arte de ser pai na sociedade contemporânea, constituída pelo homem moderno. Os pais - que não deveriam ser pais - despejam suas frustrações nos filhos, muitas vezes inocentes e indefesos. Então? Quem pode saber ou salvar um ser indefeso que não tem nem palavras para dizer o que é certo ou errado na vida dele mesmo?

(By Míriam Coelho)

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O Cercadinho é só de plástico

A ilusão. Há tantas pessoas que agem como crianças inocentes tentando, de todo modo, enfiar a pecinha redonda no buraco quadrado do brinquedo. E quando finalmente conseguem, depois de tanto esforço, a pecinha se fixa por um determinado tempo lá e logo escapa, é inevitável. A criança nunca terá paz se tentar forçá-la a encaixar de novo, sempre haverá o trabalho dobrado e depois o medo da peça escapulir novamente, e isso sempre acontece. E ela sabe, só não quer acreditar! Por que é tão difícil abrirmos os olhos e ver que não estamos preenchendo os buracos com as formas certas?
Assim eu vejo o coração de muitas pessoas, e não falo de um amigo, dois, ou três... falo de várias pessoas que passam pela mesma situação. Essas crianças ainda nem cresceram, não deram seus primeiros passos em direção aos braços do mundo e insistem em preencher seus buracos vazios engatinhando e catando as primeiras peças que encontram pelo caminho. Depois que não dá certo - e não vai dar mesmo - choram, berram e se revoltam contra as paredes do berço, alegando que são bebês de má sorte, incompreendidos pelo universo do cercadinho de plástico.
Não, não é assim que acertarão o jogo, não se vence ele antes de pisar bem firme no chão, com a direção definida para os braços certos que se quer chegar, na altura certa para observar a onde pisa. E já chega de tentar enfiar a pecinha errada no buraco inadequado!, compare todas com as formas e tamanhos dos buracos antes de escolher o que você quer encaixar ali.
Por fim, para esclarecimento de determinadas expressões, minha intenção não foi ofender ou alegar imaturidade à qualquer pessoa, apenas usei a minha hipótese de que DENTRO DE TODO O INDIVÍDUO, MADURO OU NÃO, HÁ SEMPRE UMA CRIANÇA REINANDO COM SEUS COMPLEXOS E TEIMOSIAS.

(by Míriam Coelho)

Adivinhando o Estudado!!!

Muitos têm a mania de dizer despresadamente "ah, isso é tão conto de fadas!" quando nem sabem o que é um conto de fadas realmente. Tudo bem, a TV - para não citar certas emissoras de produção de filmes internacionais - destruiu essas histórias e recriou um universo tosco e bobo para a criança (subestimando a capacidade intelectual dela, é claro!), e quase 98% da população brasileira têm a idéia errônea sobre os contos populares antigos, também denominados contos maravilhosos, que são ricos em símbolos psicológicos e metáforas dos nossos povos mais antigos. Pois há a obesa preguiça de pegar os livros e lê-los, pesquisar o que os grandes intelectuais e pesquisadores têm a dizer sobre o tema; para depois, sim, opinar. Isso me revolta e é assim que o nosso país é construído: pessoas leigas, que adivinha o que já foi estudado e comprovado QUE NÃO É ASSIM!
Agora vem a pergunta matadora: por que somente essa grande massa de brasileiros têm a incultura diante dos fatos, se os mesmos filmes e reconstruções imbecis dos contos maravilhosos estão espalhados pelo mundo? Aí voltamos ao X da questão: a preguiça! É mais fácil viver sonhando acordado com a "mega sena" sorteada do que levantar de manhã cedo e ir estudar, trabalhar, criar vergonha na cara mesmo! Então vem o maior desmerecimento aos intelectuais: são taxados de preconceituosos, críticos ruins, "fumantes de baseado" ou pessoas sem noção da vida; quando foram aqueles quem criaram vergonha na cara e foram buscar informações sobre o que os rodeia. Não entendo, parece que a maior parte da população nacional prefere viver num mundo de novelas e funk, acreditando na vitória através da "benção divina" do que estudar e trabalhar de verdade.

(By Míriam Coelho)

sábado, 7 de agosto de 2010

O amor salva apenas o coração, mas não salvará tua vida. O amor é inconstante, inseguro e pode mudar... (by Míriam Coelho)

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

sei lá

Já desconfiou da vida a ponto de estender a mão sob a chuva para sentir que é real? Já teve momentos em que parou de pensar para contemplar a cena em volta, como uma fotografia prestes a ser colocada no álbum? Já notou curiosamente as pessoas que passam do seu lado, como se fossem apenas figurantes da fantasia?
O carrossel dá voltas e a paisagem nunca é a mesma. E não notamos que não se repete, estamos tão focados no dentro que esquecemos os de fora. Também não vemos quando é hora de trocar de brinquedo e deixamos o ticket sempre se renovar. É o círculo viciante que gira numa pequena migalha do grande universo, mas na nossa visão, estamos parados e tudo está girando em torno de nós.
(by Míriam Coelho)