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No Hospício

“A palavra não deve ser para a alma senão um sinal misterioso, muito discreto, muito austero, muito augusto, só perceptível à visão dos espíritos. Parece mesmo uma deplorável extravagância da nossa natureza incompleta este capricho de reduzir a medida e a cadência as grandes emoções a que a alma se exalça em certos momentos.” (Rocha Pombo)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Velho do Saco

- Ora, Thaís, não sabe que o velho do saco é malvado? Ele come criancinhas de almoço e lixo de sobremesa. Sabe o que tem dentro daquelas grandes sacolas? Não são restos de lixo, não. São ossos de gente; de humanos que ele comeu!

- Mãeeeeeeeeeeeeeeeeee! – gritou a menina, correndo para o quarto dos pais, com medo da história apavorante que o irmão contara.

O que nenhum deles sabia era o que realmente acontecera com o “Velho do Saco”. Sim, aquele do lado de fora de casa, fuçando na lata de porcarias como um animal faminto a procura de sobras.

Antigamente, os pobres velhinhos “saquistas” sofriam nas mãos das crianças que vinham atirar-lhes pedras, zombar de suas feiúras e fugir como covardes depois. Raramente conseguiam um bom resto de comida para sobreviver, porque havia sempre misturas nos lixos: carne com papel higiênico usado, restos de sabão no molho, frauda de bebê com refogado de frango... coisas do gênero.

Um dia, cansados dessa vida de poucas sobras, os barbas mal feitas organizaram um encontro no Lixão Abandonado de Caratapado, para unirem-se contra o mundo que tanto os odiava e criava mitos. Montaram uma base secreta no lixão chamada Área 91, um esconderijo para orquestrarem seus planos de dominarem o mundo. Lá tinham todo o material para montar intercomunicadores e armas contra pivetes (fundas, munição de restos de comida, catapultas... os peidos fedorentos, já estavam incluídos no pacote), utensílios de defesa e sobrevivência. Estavam prontos para a batalha!

Os líderes do movimento “O Saco Não Tem Crianças” começaram a fazer protestos frente ao governo exigindo alguns direitos:

-Acabem com o preconceito das crianças, façam a seleta dos lixos! Queremos ganhar sacos mais resistentes que estes!

Com entrevistas na TV e tudo que se tem direito, os candidatos a nova presidência começaram a prometer inclusão social para os Do Saco, além de Bolsa Sacola e apetrechos de defesas marciais.

O presidente Erradinho Portuguesinho venceu a eleição e criou uma companhia de vendas de mochilas ultra-resistentes para os barbas mal feitas passearem pelas ruas sem problemas. Com o impulso desse novo negócio, abriram muitos outros como o desodorante de pum-cheiroso, organizador de lixão multifuncional, aparador de barba fedorenta 4.5, espanta pivete 2000, e vários outros produtos para os Do Saco.

Tudo ia muito bem, até que uma empresa multinacional passou a vender mochilas de plástico durável, que segundo eles era um novo símbolo de avanço na modernização.

“Está na moda, todo mundo usa!” Diziam eles, em suas propagandas; entretanto os sacos começam a se rasgar com facilidade e os pobres velhinhos a comprá-los cada vez mais. Os restos de material inutilizado foram parar nas valas dos rios poluindo o ambiente, a tal ponto, que o Green-nunca-suje-aqui passou a persegui-los por proliferar sacos não biodegradáveis.

Tudo foi tirado deles novamente. Devolveram-lhes os sacos remendados e usados, o presidente Erradinho Portuguesinho cortou os projetos de inclusão socio-barbal e Bolsa sacola. Os “velhos do saco” voltaram às ruas hostis, aos lixos misturados e ao antigo mito de comerem crianças inocentes com lixo de sobremesa.

Autor: Míriam Coelho

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Amor banalizado


O amor é muito banalizado atualmente, o que imaginamos dos relacionamentos não é o mesmo que era sonhado nos anos 60 e assim por retrocesso na linha do tempo. Só essa palavra, ainda mais no mundo dos intelectuais, já significa uma perda de energia total! O que é amar? Para alguns significa encontrar alguém que não tenha defeitos. Para outra camada social é encontrar alguém que tenha os mesmos interesses e metas de vida. O mais comum é o pensamento de que se a outra pessoa começar a apresentar "falhas", logo será descartada. Essas pessoas sempre utilizam a mesma desculpa de que se quer "isso e aquilo" do outro e se esse não for assim, então cai fora! Ponto final. Não há nenhuma consideração de que errar é humano, nenhuma cogitação de diálogo aberto, nenhuma lembrança boa contrapesada com as falhas do outro. Fim de relacionamento.
As pessoas são incompreensivas, egocêntricas e mentes fechadas quando se trata do outro. Reclamam como bebês chorões e esperam de braços cruzados e beiços pontudos pelas mudanças alheias ao seu favor. Se não há alterações positivas, no seu ponto de vista, o outro é sempre descartado. Isso é ridículo, não?! Acredito que gostar realmente de alguém transcende uma avaliação besta em cima de falhas e acertos momentâneos. Claro que se o parceiro destrói a sua essência, não é companheiro, te agride ou te humilha, não há outra escolha, não há sentimento que dure. No entanto o que eu percebo é uma impaciência e orgulho destrutivo, que resulta em jogar fora alguém que poderia te acrescentar muito.
Contudo tem um tipo de amor que as pessoas banalizam ainda mais e que é de grande valia: o amor próprio. Calminha ai! Algumas criaturas acham que se achar "mais do que" alguém já é se amar; porém não é bem assim. Ninguém é melhor ou tem mais do que alguém. Sofremos e somos felizes na mesma intensidade, durante toda nossa vida, mas em histórias e cenários diferentes. Não se compare com ninguém! Estar em paz consigo mesmo e aceitar-se com defeitos e qualidades que se tem é o verdadeiro amor próprio. Tendo este, conseguimos suportar a solidão, as frustrações e não errar ao dar a chance a um verdadeiro amor, que pode surgir.
Para amar os outros, tem que crescer. Para amar os outros, também tem que amar a si mesmo. Não é enchendo a cara, se drogando, fugindo da realidade com todos os alucinógenos possíveis, que você conseguirá ser feliz e encontrar a pessoa certa, em meio a mil lembranças de relacionamentos que deram errados. E lembre-se, nem todas as mulheres são iguais, assim como nem todos os homens. Suas atitudes bestas é que provocam os mesmos resultados bestas.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A nossa história

images (9) Ontem e muitas vezes eu chorei de raiva... hoje eu choro de saudades. Não te verei mais como a pessoa que me magoou, mas como alguém que me proporcionou bons momentos.

A primeira vez que te conheci estava pouco me importanto. Te julguei mais um bêbado das festas que fui. No entanto algo mudou naquela mesma madrugada, você disse as palavras que me fizeram acordar, te enxergar, lembra? Falou das pessoas que se escondem em suas casas com medo de viver, gritava ideias que sempre tive e jamais pensei que você também as teria. Era um homem, no meio da madrugada, que gritava filosofias enquanto todos dormiam.

Os nossos primeiros meses juntos foram muito bons. Passeávamos enquanto conversávamos sobre nossas filosofias malucas. Tínhamos planos e nossos planos combinavam naquele momento, éramos dois indivíduos com planos que se encaixavam.

Quando estávamos juntos, nos desejávamos e nos gostávamos. Havia respeito e muito afeto. Tudo era novidade.

Contudo, as coisas foram mudando, perdendo o controle, e nem percebemos. Nós perdemos a visão da nossa relação. Você começou a ficar cada vez mais incompreensível e eu respondia com atitudes imaturas a cada grosseria e incompreensão sua. Nossos momentos de carinho e desejo foram ficando cada vez mais raros, dando lugar às tarefas que nos distanciavam emocionalmente. Você lia revistas de skate e eu perambulava na praça sozinha, pensando porque éramos tão diferentes daqueles outros casais.

Um dia, como tudo que acaba, brigamos, nos desgastamos de uma forma que jamais imaginávamos. Tudo acabou.  Passei dias com raiva, com mágoa e nem sei o que você sentiu de tudo. Mas hoje, que o ar está sereno, vejo que a culpa foi toda nossa. Deixamos nossos problemas pessoais invadirem o relacionamento e nos destruírmos. Os momentos bons que tivemos não foram suficientes para nos salvar de nós mesmos.

Uma vez você escreveu que não tínhamos muito tempo em uma de suas músicas, disse que era um pressentimento que surgia toda vez que eu te chamava de “amor”, lembra? Ficamos tristes pensando nessa hipótese. Lembra que eu  joguei o dado três vezes sobre a aposta de que se desse par em todas ficaríamos juntos? Fiz isso para tornar o diálogo mais leve e nos dar esperanças. Você disse que tudo dependeria de nós… erramos. Nos perdemos para sempre sem os grãos que marcam o caminho de volta.

Ontem eu achava que um dia chegaria a te odiar, hoje eu sinto sua falta, é possível que amanhã só haja boas recordações e a aceitação de que tudo são histórias, de que já não é eu que te faço feliz e sim outra. Não guarde recordações más de mim. Você estará em meu coração, em algum lugarzinho dele, para sempre. Te gosto, mais uma das minhas histórias de amor. O que sei é que você não será o último. Apenas mais um que me desanimou ao fim de tudo.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Diálogo do Eu

  • Pode ser que agora não te deem o valor que mereças, mas um dia tudo será diferente. Basta olhar para frente. Ninguém evolui retrocedendo seu caminho.
- As coisas parecem muito turvas daqui.
  • O futuro sempre é turvo, pelo menos é o que recordo das minhas lembranças do passado. Lembra quando tínhamos 16 anos e achávamos que nada iria acontecer de novo? Que tudo seria o mesmo ou até pior? Não foi assim, muita coisa mudou!
- Tenho medo de ter outras esperanças e novas decepções... até que já não haja mais esperanças, só as decepções. Sinto uma imensa mágoa. Vontade de chorar.
  • Não sejas tão negativa. Não sejas tão insegura. Não sejas cega, pois eu estou aqui. Agora só temos uma a outra. Lembra-se daquela famosa frase do diretor de Hogwarts "mas como sabem, pode-se encontrar a felicidade mesmo nas horas mais sombrias, se a pessoa se lembrar de ascender a luz". Ascendemos a luz da nossa essência e ficamos protegidas das trevas do nosso medo. Sempre que tiver de chorar, chore. Mas chore pela sua dor, não pelos defeitos dos outros.
- Então haverão dias melhores?
  • Sim, sempre haverão dias melhores, assim como outros tantos piores. O mais importante é não se abandonar por esses dias piores. Quem ama de verdade está contigo até nos momentos ruins. Isso foi uma prova que a vida nos deu. Perdemos pessoas que jamais estariam conosco em momentos ruins de verdade. Foi o fato de você estar nervosa, abalada ainda, com seu medo explodindo, que nos abandonaram. Imagina como seria se estivéssemos vivendo algo muito ruim mesmo? Sinta-se privilegiada! A vida nos deu uma valorosa aula, um aviso do caminho errado.
- Mas eu sinto falta daqueles que me abandonaram...
  • Sentir falta é normal, vai demorar até desapegar-se da rotina que essas pessoas proporcionavam. Entretanto deve se perguntar se elas sentem nossa falta. Será? Quem realmente ama, nunca abandona e, se abandona, logo volta! Se ninguém voltar, é porque não havia sentimento verdadeiro. Não há como obrigar alguém a sentir o mesmo.
- A vida parece assustadora, às vezes. Muito triste, injusta... Nunca mostram isso nos filmes, é o que mais me revolta quando estou magoada; penso em ver um filme e lembro do final feliz dele, totalmente o oposto do meu momento. Por que os filmes já não nos avisam?
  • Talvez porque se vivêssemos eternamente na consciência do ruim, jamais perceberíamos o quanto a luta e esperança pode nos fazer bem. Escuta, eu sei que dói agora, mas quantas vezes já doeu e depois você agradeceu por tais perdas? A vida não é para ficar parado, vivendo como uma múmia mecânica, sempre nas mesmas experiências. A vida é maior que isso! O que torna a vida triste, injusta e dura é o germe humano, sempre foi. O homem não sabe respeitar, não sabe aprender, não sabe amadurecer. Muitos não sabem amar. Não sejamos mais um germe da nossa raça. Há muito que ver, há muito que vivenciar antes de pendurarmos nossa vida no cabide do sótão.
- Você está certa. Me promete uma coisa?
  • Claro. O que?
- Que jamais irá me abandonar também...
  • Não te preocupes, somos a mesma pessoa, em idades diferentes, porém vivendo no mesmo corpo e constituídas da mesma essência. Sempre que te sentires sozinha, tente me achar, porque tu vives me perdendo, sendo que estou sempre aqui. As pessoas que nos abandonaram não aceitaram uma de nós, mas aquelas que valem mesmo a pena aceitarão nós duas. Nos compreenderão em nossos momentos e nos dirão, com sinceridade, sobre nossos comportamentos que magoam antes de nos deixar de vez.
- Obrigada! Me sinto um pouco mais confortável. Melhor do que há duas semanas atrás.
  • Eu também...

terça-feira, 22 de novembro de 2011

9 mandamentos do teu vencedor

  1. Escrever coisas ruins não transformam magicamente a tua realidade.
  2. Tu és bonita (o) e esconder-te atrás de quem não te dá valor é o mesmo que privar as pessoas de uma obra artística.
  3. Cuidar de ti mesma (o) é um dever e um carinho com tua alma.
  4. Tenhas carinho por ti mesma (o) antes de querer que alguém te dê esse afeto.
  5. Levanta-te e lute. Não deixes que tua torcida do contra tenha razão nas apostas contra a tua vitória.
  6. Tu podes chorar o quanto quiser, só tu terás pena de ti mesmo (a). Então te alente e não espere o alento da rua.
  7. Cuide dos outros como cuidarias de ti mesma (o). O outro também sofreu tanto ou mais que tu.
  8. Olha-te novamente no espelho. Não vê o quanto essa pessoa precisa de ti? Não a abandone por outros.
  9. Jamais te culpes por teus erros, porque tu não foste, nem nunca será, a (o) única (o) culpada (o). Releve os bons momentos e transforme os maus.

By Míriam Coelho

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Pessoas da vida


Se tem uma coisa que aprendi é que as pessoas passam pela nossa vida trazendo sempre um presente importante: o aprendizado. Mas nunca damo-nos conta desses aprendizados, da bagagem que o outro traz e que poderia nos tornar pessoas melhores. Quando as divergências começam a surgir, então, dispensamos o outro com seu presente e tudo que poderíamos ter vivido de novo.
O que nos faz ser assim? Orgulho? Insegurança? Egoísmo? Burrice? Todos juntos. Não falo aqui de amores, mas de amigos, amores, colegas, todos que nos rodeiam. As pessoas são dispensadas como objetos quebrados e inúteis, nem com os objetos que gostávamos muito e se quebraram nós fazemos isso, por que agimos assim com as pessoas?
Aprendi, por esses dias, que deixei muitas pessoas importantes da minha vida irem embora, assim como fui dispensada por muitas pessoas que eu considerei importantes. Mas não há erro algum em lutar, não há erro algum em chorar, não há erro algum em demonstrar ao outro o quanto é importante; mas jamais esqueçamos de quem somos, do que realmente queremos, para poder acrescentar experiências ao outro também.
Num mundo tão corrido como o nosso, só sentimos o toque humano quando nos esbarramos nas pessoas e mesmo assim repudiamos quando isso acontece. Se existimos foi porque duas pessoas se uniram, imagina o que criaríamos se mais pessoas se unissem num grande grupo?

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Não me deixe sozinha aqui

Como pode alguém estar feliz e, de uma hora para outra, tudo mudar? Relaxei por pouco tempo acreditando que tinha alguém em minha vida. Foi tudo um grande equívoco e a verdade vem a tona, destruindo tudo que eu presava muito. Não me abandone aqui, eu queria gritar, mas não tenho mais forças. Fui abandonada tantas vezes, que não suporto mais essa condição de vida. Haviam promessas de que jamais me abandonaria... haviam palavras que me ajudavam a continuar... porém não tive tempo de construir nada. Me senti feliz por pouco tempo, não era uma felicidade plena, não preenchia todos os espaços da minha vida, mas era algo importante, era algo que eu ainda preciso. To sozinha e não consigo mais viver nessa condição, a qual pertenci a tanto tempo. É difícil ter apenas o amor próprio e de mais ninguém... Não me deixe sozinha aqui, eu queria gritar, no entanto não tem mais nada lá. Nunca teve. Eu fui apenas um número, mais a frente serei um nome, uma história entre homens. Não me deixe sozinha aqui... Acordo nos espaços da madrugada, as lembranças contornam a minha mente enquanto eu luto para que não haja espaço, mas por fim as lembranças entram, a mágoa, a compreensão de solidão. Tudo vira lágrima, na saída.
Antes, eu havia perdido e me livrado de grande parte da minha vida. Agora perdi tudo. Foi sempre assim, eu nunca tive a chance de aproveitar como os outros. Olho ao meu redor e vejo pessoas que não estão sozinhas, mas eu estou sozinha há muito mais de 15 anos... Estive sozinha a minha vida toda... É sempre eu, sempre meu amor, sempre as minhas lembranças, sempre as minhas palavras. Ninguém vive sozinho... mas eu fui deixada sozinha aqui.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Discussões Novas


Normalmente eu já ponho no título o tema do meu tópico, assim como inicio o diálogo com uma expressão que enfatiza o mesmo tema. Entretanto esse tópico é um tanto abrangente. Uma das minhas pertubações atuais é a verdadeira ignorância, não aquela que "fulaninho não entende a ideologia da coisa", mas a ignorância cega, aporrinhante, dos indivíduos que acreditam fielmente que são os donos da verdade e não admitem espiar o outro lado da moeda. Nem eu, que criei esse blog, acredito que tudo que escrevo aqui é verdade absoluta, também não saio divulgando ele alucinadamente na crença de despejar verdades na cara de pessoas, me igualando a certos indivíduos que se acham no direito de gritar na nossa cara que tais problemas são bobagem, enquanto que os deles (preferencialmente) são terríveis e dignos de compaixão (mas, segundo eles, jamais precisaram de uma compaixão). Ah, por favor!!!
Todos nós sofremos, passamos por momentos terríveis e dolorosos. Fato! Mas ninguém pode dizer que tal problema é pior ou melhor do que outro. Os fatos ruins se encaixam nas pessoas de modo tão profundo, particular, que não há um termômetro para medir os golpes mais violentos. Cada caso é um caso - baita clichê! A solidão, por exemplo, pode ter várias interpretações, boas e ruins, depende do receptor dela.
Agora não pense que estou dizendo que você, leitor, deve sair correndo e acariciar a criatura que se debulha em lágrimas porque seu cachorro preferido morreu. É um golpe forte para muitas pessoas, o animal de estimação tem sido um símbolo de identificação pessoal e afeto incondicional entre diversas sociedades do mundo. Porém não é isso que falo. As pessoas que sofrem, acredito que em muitos casos, não precisa de palavras fortes, conselhos mirabolantes e verdades ditas ao som acústico dos filmes na finaleira. Precisam apenas de um abraço, um olhar compreensivo. Uma demonstração sutil de afeto e crença. Saber, apenas, que alguém se importa com você. Isso vale muito mais que mil palavras e toda a coleção de volumes do Paulo Coelho!
O que me veio na lembrança, no final desse pensamento, é a falta que faz um olhar carinhoso. Um amigo, um familiar, um amor... que seja! Somos seres humanos, feitos para interação e união, não somos máquinas (o exterminador do futuro é só um filme de ficção científica - mesmo assim ele tinha sentimentos, não sei como, pelo garoto problemático!). É errado acreditar que todo mundo é/tem que ser de ferro e suportar tudo sozinho, só porque você suportou. Às vezes, com essa nova parceria, você pode resgatar a carência de apoio que ficou lá atrás. Tem gente que joga fora pessoas que as valorizam, somente para encher a cara, depois choramingar pelas sombras de músicas depressivas e dizer que é "o tal" por não se importar em perder alguém. Isso sim, na minha opinião, é fraqueza. Por que os fortes não têm medo de chorar. Os fortes não têm medo de dizer "eu te amo". Os fortes não têm medo de assumir seus erros. Os fortes não têm medo de enfrentar os desafios da vida de cara limpa. Os fortes não se escondem atrás dos erros alheios.
Tive grandes exemplos de fraqueza provinda de uma das pessoas mais próximas a mim, hoje o resultado da vida dessa pessoa é triste. Pode ter todo dinheiro que quiser, roupas, comida, casa, mas jamais terá o carinho dos filhos que magoou, a companhia de um marido, ou a paz de alguém que tentou fazer o melhor pelos outros. Egoísmo e fraqueza andam de mãos dadas em direção ao abismo. Se gostamos realmente das pessoas a nossa volta, por que não damos valor a elas, invés de viver esfregando na cara "eu posso te dizer adeus sem me abalar, por que não to nem ai"?

sábado, 15 de outubro de 2011

Faz falta

1 Falta… tudo isso falta…

Uma nova voz de sonho por estas ruas mortas;

Uma nova esperança nesse barco ou fossa;

Uma nova ideia nessa tela de repetições aleatórias.

 

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Irracionalidade pegando, gente!

human A dificuldade que o ser humano tem de lidar com as frustrações já se manifestam desde a infância, são as agressões e as violências criminais atuais que se depõem como resultado do problema. Não é culpa dos meios eletrônicos, virtuais ou da mídia em si. Mas da falta de compreensão e cuidados dessa faculdade humana que está carente.

Um professor chama a atenção do aluno por estar bagunçando em sala de aula, a turma o observa com recriminação – mesmo já tendo feito o mesmo – e o tal aluno, não sabendo lidar com essa frustração, esse impulso freado, acredita que o professor o odiará para sempre, acabou de declarar uma guerra mortal. O professor precisa ser punido, precisa ser extinto antes que prejudique o aluno. Então, esse, move-se do seu lugar e lhe acerta uma cadeirada, julgando-se hábil vencedor de uma guerra não-declarada, porém óbvia. Essa situação vive se repetindo e um caso semelhante me foi narrado por um dos meus alunos, que aplaudiu a atitude do colega dizendo que “esses professores aprontam mesmo e merecem tudo isso”.

Outro professor chega em sala de aula ultra-contente com o novo plano de aula, que passou horas construindo em casa. Aplica em determinada turma que, em reação, detesta e o ignora, irrita e realiza as mais diversas mal-criações na busca de demonstrar a rejeição por aquela atividade (nada de pessoal e eterno, apenas momentâneo). Tal professor se sente rejeitado, frustrado, humilhado, como se todos os seus alunos o considerassem o ser mais vil e degradante da espécie; então passa a odiar aquela turma em especial, armando uma guerra declarada todos os dias, ou, noutros casos, desistindo para sempre da carreira de educador daquela escola.

E assim se repetem as atitudes explosivas e excessivas nas demais relações humanas. Falo aqui da escola, porque é o local onde mais percebo problemas sociais e psicológicos da humanidade, casos que seriam fontes abundantes de estudo para os mais renomados, e já mortos, filósofos.

É um dos fatores que devemos aprender a trabalhar em nós mesmos e em nossos infantes mais próximos: aprender a lidar com as frustrações. Não aceitar uma ideia, gera sempre um ódio, que desconsidera todas as horas boas e frutíferas anteriores com a outra pessoa. Como uma amizade acabada porque o amigo não gosta de ir nos mesmos lugares, ou das mesmas atividades do outro. O racional tem sido mal visto pelas pessoas, ou considerado algo frio e animal para outras (lembrei, agora, de um argumento de uma colega de trabalho, afirmando que pensar racionalmente só traz prejuízos), e não é isso! Raciocinar é muito mais complexo e abstrato do que seguir o obvio ditado por um programa de computador (foi o que ela me pareceu dizer). Devemos raciocinar em cima dos nossos sentimentos, nos reeducarmos o tempo todo. Não é porque adquirimos determinada idade, temos tais e tais diplomas na parede da garagem, que podemos sair agindo como seres perfeitos, dignos de não mais pensar e nem errar!

Essa irracionalidade me assusta cada dia, como aquelas senhoras idosas – primeiras da fila de ônibus – que sobem no veículo, descobrem que é o errado – ao dialogar com o cobrador – e saem atropelando quem está subindo, desesperadamente, num impulso irracional de descer; invés de esperar que todos subam para então descer (pô, o motorista não vai arrancar logo que o último passageiro subir, só de birra com os idosos que pegam ônibus errado!!!). Ou aqueles indivíduos, egocêntricos, cegos e irritantes, que sobem no ônibus lotado e se instalam numa área já apertada (sendo que tem outros lugares mais adequados!!!) e dificultam a passagem de todo mundo, além de contribuir para o pisoteamento de quem está em volta!

Galerinha, só uma última, por favor (voz cansativa e monótona): vamos raciocinar, tá bom?...

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Carência

001 Podemos não perambular de olhos bem abertos, mas sentimos, quase que intuitivamente, a extrema carência social. Há inúmeros estágios de necessidades que discorro aqui: carência emocional, carência espiritual e carência intelectual.

Quantas vezes chegamos em casa cansados, com raiva das palavras ouvidas no trabalho, com angústias referentes à economia e ainda por cima sentindo-nos incompletos pessoalmente? Falta uma pecinha dentro da nossa bateria. Deparamo-nos, então, com outras pessoas que exigem nossa atenção, falam de seus problemas como se não tivéssemos os nossos, gastam nossos ouvidos com mil ladainhas que parecem ameba perto das nossas moléculas atômicas prontas para explodir. É aí que surge aquela discussão familiar (já rotineira) com várias exaltações e palavras como “para de falar! Não sabe parar de falar?”. Nós estamos carentes, os familiares estão carentes, até nossos amigos estão necessitados. Somo um grupo de aleijados que não se apoiam, todo mundo quer falar sem ter sua vez de ouvir.

É aí que começa o gancho para a carência intelectual, a falta de capacidade que o ser humano tem de refletir fora das linhas que lhe foram trilhadas na escola ou pela família. É difícil inventar, porém mais difícil ainda é refletir em cima dos fatos cotidianos e perceber uma novidade que ainda não foi cogitada. É uma deficiência árdua de ser superada – vejo isso diariamente no meu trabalho como professora de língua portuguesa, meus alunos têm dificuldade de não copiar quando peço para que recriem um novo contexto. Isso, muitas vezes, está conectado com a carência espiritual. É difícil você alimentar um texto, um contexto, uma obra, sem que sua essência esteja sendo cuidada.

Tem que trabalhar. Tem que estudar. Tem que casar. Tem que comprar. No entanto a onde fica o verdadeiro eu? Do que você gosta? Qual atividade te completa? Qual imagem te alenta? Há algum momento em que você abre espaço para efetivar a resposta de algumas dessas perguntas? Somos criados como robôs automatizados, mas não somos máquinas! Isso me revolta a tal ponto que almejo fugir, sinto como se pudesse dar alguns passos e sair voando para fora dessa realidade surreal.

A carência nos leva às mais críticas situações, às mais animalescas atitudes (inveja, cobiça irracional, grosserias desnecessárias), aos mais angustiantes momentos de vazio nos raros horários que nos são vagos. Tem de haver um ponto de equilíbrio em tudo isso, temos que acordar desse teatro do qual encenamos como fantoches. As cordas não existem se você enxergar que elas são imaginárias.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Desatualização




Usamos só 3% da nossa capacidade intelectual pelo descostume social de atualização. Não estamos acostumados nem com as mudanças climáticas da natureza, que é conhecida pela sua incerteza, imagine se estaremos acostumados com as evoluções da vida...








(pensamento a ser desenvolvido no blog ainda...)





terça-feira, 26 de julho de 2011

Fazer-se e refazer-se nos anos

6 Faz dois anos e nos anos se desfez o que fizeram os anos.

Os anos fazem o que fazem quaisquer anos.

É por esse feito que, hoje, encontro desfeito

O construído desses anos todos.

O ano, agora, se faz tarde porque é tarde para refazer-se de novo.

Então digas as últimas palavras desse ano.

Que sejam breves e resumam o final dos anos todos.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Luta

Motivacoes Farroupilha - EDUCADOR Quanta injustiça acima dos verdadeiros sofrimentos e ancejos dos direitos do povo. É muito trivial reclamar da vida como se ela fosse injusta apenas conosco e esquecer daqueles que morreram de fome, frio e desgraça lutando pela liberdade que hoje, teoricamente, temos. A luta ainda não acabou e se alastrou por todo o território dessa nação. Ainda não estamos livres mesmo com o fim de uma ditadura. Somos submetidos a alos impostos, a obrigações inúteis e a façanhas pequenas de ignorantes no poder. Mas o mundo só pensa no seu pão, no seu prazer e utiliza de mil e uma desculpas de fraqueza própria, esquecendo que abaixo do nosso solo ainda escorre o sangue dos que guerriaram por nós e perderam a oportunidade de ser tão egoístas quanto nós.

Consigo rebater e me revoltar contra a ignorância social em muitos aspctos, mas sintom-me sem ação frente a nossa miséria brasileira. É uma luta de dois ou três personagens na defesa dos direitos de cinco ou seis milhões de pessoas.

sábado, 25 de junho de 2011

Para que serve?

ATgAAAAEID1Eo58201uw8nN9HRqjMg_Fjp4Uy27Rc3FCkqNPOPX4m-uiGd4UVM4c-Nx0WO_hVcYWibEAdj_7l1ScsnuyAJtU9 Você me submete a viver em cima dos destroços para que eu respire as cinzas e espere o perecimento do que, um dia, pareceu que ia durar para sempre. É muito difícil jogar esse jogo do faz-de-conta que também o ignoro, quando você faz parte dos meus pensamentos… É essa a diferença. Estou excluída do seu mundo, da sua lembrança. Mas você está dentro do meu mundo e faz parte dos vários cacos de vidro que me ferem, enquanto caminho… Você é um sofrimento que eu poderia ter evitado. Me dói continuar com essas lembranças. Me dói ver o seu nome. Me dói ver o seu rosto. Não quero mais saber de qualquer indício seu.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Sonhar

la Sociedade perfeita seria aquela em que todos lutam de verdade pelo aprimoramento e andamento das estruturas que carregam-na, invés desse ostracismo e conformismo que desanima o mais vivo dos seres!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Respeito é prática recomendada!

Untitled-3.gifestrela É tão lindo quando vemos um colega, ou conhecido, falando sobre os preceitos de uma religião, os pensamentos religiosos em cima da sociedade e seus distúrbios emocionais. Pessoas que trazem assuntos de inspirar e perder o apetite até na hora do almoço, largar o garfo e escutar todas as lindas e deslumbrantes palavras “de Deus”. O curioso, e o mais ridículo disso, é quando essas mesmas pessoas, que se julgam no caminho certo da vida, cheias de morais e respostas na ponta da língua, usando gestos e expressões de pregador grego, põem-se a debochar dos colegas de convívio, persegui-los e tratá-los com desaforos, indo totalmente contra tudo o que “pregou” anteriormente. Então, onde foi parar a missa da igreja, reunião da seita ou assembléia da qual falou? Devia ter pego o garfo novamente e continuado a comer.

Então um ser humano desses, cheio de preconceitos e má aplicação de suas informações está livre para cuidar de crianças, adolescentes, incluído os que posso colocar no mundo. Futuros professores! É certo? O pensamento do homem contemporâneo evoluiu muito, estamos próximos do tele-transporte (há boatos de que já foi descoberto) e da viagem no tempo, segundo grandes pesquisadores físicos. Contudo ainda temos “pensadores” de opiniões arcaicas, voltadas para “não pode isso, não pode aquilo”, “Deus castiga e sexo só depois do casamento”.

Ah, por favor! Que pouca vergonha na cara. Acha isso, acha aquilo? Pesquise, estude!, se auto-avalie, antes de proferir qualquer palavra que possa ofender ou agredir emocionalmente os seus semelhantes. É muito fácil se esconder por trás de fofocas e deboches alheios. Criticar os outros é quase um hobbie diário. É a única forma que as espécies não-desenvolvidas encontraram para ocultar as próprias falhas. É mais divertido conviver com os disparates alheios do que aceitar a si mesmo e as necessárias mudanças. Antes de se achar na altura de humilhar outro, olhe para o seu umbigo e vê se não concorda comigo de que há muita coisa para ser mudada, principalmente amadurecida. Olhe bem, é muito comum – e até aceitável – um jovem de 20 anos cometer infantilidades. Isso faz parte até das cenas de seriados norte-americanos – não que seja algo bonito de se ver. Mas é grotesco um futuro praticante da docência, com idade acima dos 30, faltar com o respeito e a maturidade nas situações triviais.

terça-feira, 10 de maio de 2011

gladiadores

Tantas vezes eu quis compreender o sentido de não se deixar mais tocar pelas pessoas ao redor. Aos poucos estou encontrando esse caminho, que parece ser sem volta. Tantas vezes apostei mais fixas na pureza das coisas e neguei-me a ver a podridão por baixo dos panos limpos. Tantas vezes quis contrariar as leis da física e tatear de verdade o mundo em volta, esquecendo-me que esse mundo era uma parede de arbustos e espinhos. Agora mantenho-me estarrecida num lugar qualquer, deixando que os demais digladiem-se nessa batalha incessante pelo nada.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Pensamentos do dia

O importante não é ser forte ou não, é saber aceitar o que vier de ruim e bom. Porque nada é para sempre. A felicidade e a tristeza não são estados permanentes, são momentos. O permanente é a essência humana, imutável, imortal.

sábado, 23 de abril de 2011

Pensamentos Noturnos 2

images (7) Havia uma época em que pessoas encontravam-se na frente de casa, à tardinha, depois de um longo dia de escola ou trabalho. Em outros lugares, devido ao meio habitacional e costumes distintos, as pessoas se reuniam numa roda de chimarrão, trajes revestidos de lã e botas campeiras. Mesmo nesses contrastes, a relação era de mesma verdade e intensidade. Falavam uns com os outros sem medos ou distâncias. Tínhamos deliberada força para lidar com os defeitos e desilusões de suas idealizações ao outro, nada que os fizesse excluir os depoimentos e deixar de ser fã no orkut. Não havia TV – até havia, mas era de preço muito inacessível para um objeto tão inútil –, nem computadores ou qualquer outra tecnologia atual. A interação era concreta mesmo.

Atualmente, ter um amigo é deixar um screep para ele com uma linda imagem colada de um site que já tinha as palavras prontas. Se o Fulano está de aniversário o nosso buddypoke canta parabéns e ainda entrega presentes. E quando achamos nosso colega de curso, ou escola, interessante, o seguimos no Twiiter. São todas ações virtuais, maquinais e frias, não dá para desconfiar, não? Mas os receptores sorriem e sentem o afago como se fosse concreto mesmo, não há clamores, basta fechar os olhos e “vivenciar”.

Há uma preferência por idealizar as situações ao nosso gosto e não vivenciamos o real e as pessoas com seus defeitos próprios de humanos. Nenhum “Bom final de semana”, cheio de ursinhos, arco-íris e estrelinhas, seria o mesmo que um desejo dito frente-a-frente, numa cruzada qualquer de calçada. Algumas pessoas preferem os namoros virtuais a dar uma chance ao amigo, sem nenhuma foto semelhante à imagem do Eduawrd, no álbum de fotografias. E assim as coisas vão evoluindo. Haverá um dia em que teremos filhos virtuais, através de um aplicativo no Orkut, o qual se pode criar e encomendar o bebê nas cores e formas que quisermos.

A amizade e o amor são muito mais do que palavras bem postas, retiradas de um programa que acha que sabe o que sentimos. Algumas pessoas, as que falei ali em cima, podem não perceber, agora, a frieza ridícula a qual submetem suas vidas, mas um dia acordarão do buraco onde se sujeitaram e terão que correr atrás de muitas horas perdidas em frente a uma máquina, presas em suas cavernas de titânio. Enquanto um mundo, muito maior que o próprio quarto, gira lá fora, essas pessoas continuarão aí.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Pensamentos da noite

729101anime_pensando Coração morto ou partido, o que é pior? Minhas divagações sobre isso terminam por onde começam minhas novas questões. É tão difícil carregar no peito um sentido de ferimento letal, quando se tem que sorrir e ouvir o mundo. Mas para aqueles que sofrem desse mal e continuam vivos, como imortais que sangram mas não morrem nunca, digo que há privilégios. Compreendemos o mundo de várias formas, além do que o racional observa. E para os poucos sobreviventes desse mal, resta o triunfo perante uma das feridas mais doloridas e incuráveis do mundo. Resta o orgulho de si próprio. O si-próprio... quão bela expressão! É o que nos salva, quando compreendida a importância. Nós somos muito mais importantes do que o que nos fere e a ferida. É triste que poucos enxerguem isso e quando enxergam, já cometeram muitas imbecilidades anteriores. Eu peço um brinde aos que se valorizam acima de tudo e compreendem o grau de importância das tristezas que o coração nos causa. Por mais que sejam tristes, por mais que sejam letais, são as nossas experiências, nossas lembranças, é tudo nosso! Algo que ninguém jamais irá roubar e, quando visto de um perímetro diferente, notamos que aí é que está o presente da vida: viver.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

A ONG ainda não assumida

dce 1 “Ser professor é um trabalho tão desvalorizado. Os alunos são muito mal educados. Você tem certeza?” É o que muitos estudantes de licenciatura ouvem das pessoas e até de si mesmos enquanto cursam a faculdade. É normal ficar em dúvida quanto a suas escolhas e essa profissão em especial, relevando o fato de que, a mais dia ou menos dia, as escolas se tornam mais violentas. Cresce o número de incidências as quais o lecionador leva uma cadeirada do aluno, um tiro ou presencia uma chacina de um ex-aluno qualquer, perturbado, atirando para todos os lados. Ser professor é quase como aceitar tomar o lugar do Jackie Chan nas séries filmicas, sem ter tido treinamento algum nem bublê.

Nas cadeiras de Letras, por exemplo, ninguém ensina a desviar de tiros, ligar os sensores de aranha para desviar dos objetos lançados, nem esgrimar nos momentos em que um estudante puxa a faca e convoca para o duelo. Nada disso. São-nos ensinadas as teorias literárias, o uso da gramática, a história dos teóricos linguísticos e literários, a psicologia educacional sucedida do famoso “filme-de-chorar”, incentivando a cidadania e o olhar sobre o próximo. Tudo muito bonito, muito fofo, não descordo de nenhuma parte do nosso currículo, mas falta-nos a noção profunda do que estamos fazendo.

Finalmente deparamo-nos com a sala de aula, a realidade violenta, os gritos e os nossos gritos, que não são ouvidos e graduam o nível cada vez mais, até chegar ao ponto irracional de procurarmos um microfone plugado em algum canto da sala de aula, já que não ouvimos nem os nossos próprios berros. O resultado disso? A desmotivação profissional. E com razão!

Normalmente pensamos em nós, na busca pelo conforto pessoal e prazeroso, não relevamos o que os alunos sentem, já que vistos 4 horas por dia, é o bastante para sugerirmos que são seres desprovidos de sofrimentos e emoções, a única preocupação é com o que brincar e os deveres de casa. Infelizmente não é assim. As crianças e adolescentes são mentes em cognição, perdidas no meio do duelo de gigantes (adultos que invejam-se e lutam entre si pela “vez-na-roda”). Esses gritos e violências por parte dos educandos são manifestações (conscientes ou inconscientes) dos seus conflitos interiores e das suas carências, que não estão sendo ouvidas nem compreendidas. Chega uma fase em que a personalidade e as escolhas são consolidadas e pela falta dessa ajuda e a influência doentil social que o homem moderno passa, nossos novos integrantes sociais estão incompletos e sem motivação de luta.

Eu vejo a profissão de educador como uma ONG semelhante ao Greenpaece, com o objetivo de salvar a raça humana, assim como esse movimento defende a preservação do meio-ambiente e da paz mundial. Os conflitos do homem já estão manifestados nele antes do seu ingresso nas primeiras séries da escola, devido as experiências familiares, as influências por meios televisivos, as novas tendências musicais e o maior apelo pela sexualidade. Será nessas primeiras séries que o aluno aprenderá a direcioná-las numa relação social e controlar essas informações que tornam-se pesadas para ele. Ai está um dos papéis do professor: ajudar a criança/adolescente a se relacionar em grupo, entre grupos e desenvolver subsídios fortes para não morrer no meio da busca por auto-compreensão e consolidação social, o mesmo trajeto que todo o homem percorre durante sua vida.

A diferença de uma criança de 2011 para uma criança de 1950 é que na década de 50 os pais tinham mais atenção sobre as atitudes dos seus filhos, assim como a escola. Não havia essa liberação extrema e aberta de informações para o homem e havia o olhar de proteção e autoridade dos pais. Atualmente o pai nem olha para o filho direito e quando olha não transpassa sentimentos de responsabilidade e afeto, o filho é visto quase como um irmão em que tem de ser cuidado pelo outro mais velho. Autoridade é dita no sentido de zelo, a segurança de saber o que é certo para a criança, enquanto está sobre os seus cuidados. É por isso que a maioria dos avós cuidam melhor dos netos do que os próprios pais. Essa camada de zelo está quase extinta e a criança se vê diante de um mundo adulto, repleto de informações que ainda não tem maturidade necessária para suportar. Resta para o professor o papel de ajudar nesse estágio crucial.

Inúmeras vezes me senti revoltada observando o cenário de crianças das séries iniciais soltas no pátio sem nenhum cuidado ou o olhar afetuoso da professora, que estava, no momento, falando com a colega sobre a noite mal-sucedida da véspera. Isso é assimilado pela criança, por mais que não pareça, elas ouvem. Depois é refletido na forma como ela vai lidar com seus colegas de vivência: a indiferênça, o desapego. Violência gera violência e o desleixo com os alunos é uma violência, mesmo que indireta. Tanto na infância quanto na adolescência o ser humano precisa saber que é amparado, que alguém se responsabiliza e freia suas atitudes errôneas, isso dá tempo para o indivíduo em formação pensar em si próprio e desenvolver a sua personalidade. Ele não conseguirá fazer isso preocupando-se com informações que ainda não é capaz de suportar.

Muitos pais agem dessa forma e até pior, esquecendo-se de seus filhos, expondo-os a violência e ao sexo explícito. Alguns preocupam-se apenas com suas particularidades e esquecem que já não são mais indivíduos, pois integram uma família. Mas não falo, aqui, do papel do pai, falo dos motivos pelos quais é uma vantagem e uma honra ser professor. É o nosso papel com a humanidade auxiliar nesse buraco moral na vida do aluno. O professor não deixa de ser um super herói, a esperança do futuro do nosso planeta, sem exageros. Todos os gestos de carinho e cuidado serão refletidos nesse ser em cognição, assim como todas as atitudes de desleixo e desafeto. Imagine se o Super-man deixa-se de salvar a cidade do meteoro por causa de um conflito com a Louis Lane? E o planeta, quem salva? Uma pergunta semelhante eu faço para os pertencentes dessa ONG não assumida: E o futuro da sociedade humana, quem salva?

Poderíamos muito bem deixar essa luta pela preservação do bem-estar humano para outros dizendo “eu não tenho capacidade para isso, eu não tenho tempo, tenho que me sustentar!”, mas não há muitos “outros”. A cada dia que adiamos o trabalho dessa ONG, agrava-se mais a revolta interna dos nossos novos humanos, a sociedade está carente, necessitada de afeto, cultura e complacência. É muito egoísmo da nossa parte esquecer do mundo e pensar nos prazeres que almejamos. Desejar e ter atitudes  ruins (egoísmo) é parte do ser humano, o céu e o inferno são símbolos universais que habitam dentro de nós desde os primórdios. Cabe somente a cada um controlar os impulsos negativos e focalizar-se nos interesses positivos e de valor a todos da sociedade. Por mais que você diga que não faz parte de um grupo, você habita um planeta que depende de mais de uma decisão para que algo aconteça.

“Mas os alunos não se interessam por nada! Não ouvem, não querem aprender. É horrível”. Eu vejo muitos professores recolher materiais, pensar no conteúdo, montar um plano, aplicá-lo em sala de aula e decepcionarem-se com a péssima receptividade dos alunos, “tive que explicar um milhão de vezes e mesmo assim a criatura não entendeu. Chegou uma hora que eu disse: não, já chega, não explico mais e vai fazer tuas tarefas! Cansei.”. Mas já houve uma pesquisa mais aprofundada dos motivos disso por parte dos educadores?

Primeiramente, eu vejo os conteúdos trabalhados em sala de aula muito fora do contexto social do aluno. Claro, já é bem sabido e reforçado nos PCNs que o professor tem que partir disso para montar as aulas. Entretanto falta outra coisa muito importante, que os PCNs falam, mas implicitamente: criança tem que ser criança e o professor deve reforçar essa fase e canalizar as energias para o produtivo. Não adianta preparar uma super-aula, cheia de recursos e discussões referentes  a análise sintática para o primeiro ano do ensino médio e esquecer de desenvolver o lúdico do aluno.

Quando falo de lúdico não falo apenas de jogos e redações de temas referentes ao que está “na boca do povo”, como o bulliyng, gravidez na adolescência e eleições anuais, por exemplo. Falo de relacionar análise sintática  com o fantástico, maravilhoso, utilizando livros de ficção maravilhosa, quadrinhos, super-heróis, contos de fadas, etc. Mesmo no ensino médio, os alunos ainda são crianças, são crianças em fase de auto-consolidação dentro de uma sociedade, e essas “crianças crescidas” necessitam de fantasia, que por mais que neguem, está muito presente em suas vidas, elas sonham. Se não fosse assim, jamais assistiriam os filmes da série Crepúsculo, Homem Aranha ou Atividade paranormal. O desejo pela fuga do real também faz parte do contexto social humano. Ninguém estará fugindo ou escondendo a verdade de ninguém, a maioria dos alunos já estão saturados com a realidade ali de fora (estrupo, desemprego, morte, drogas, gravidez na adolescência, corrupção e catástrofes mudiais).

Acredito que nós, integrantes da ONG não assumida, como nomiei a licenciatura, temos o papel de orientar os novos integrantes sociais do mundo, direcioná-los para o produtivo e esquecer o egocentrismo. Trazer aos jovens e crianças a visão de mundo, incentivar a nacionalização (ainda me revolta o fato de somente os livros de fantasia norte-americana fazerem sucesso no Brasil, tanto quanto o uso da expressão “americanos” para designar somente um país – EUA! O Brasil saiu do mapa da América?), desmitificar os preconceitos (seja religiosos, seja étnicos) e transformar a visão do educando em algo amplo e menos limitado possível.

Está ai outro grave problema social: a limitação. Somos pessoas de visões limitadas. Se crescemos criados de um jeito, prendemo-nos nele e não aceitamos nada novo (já é um problema para aceitar a retirada de alguns acentos gráficos da nossa escrita!), queremos repetir as mesmas aulas conteúdistas quadro+caderno e as atividades que dão mais trabalho valhem como presente por bom-comportamento. Se desejamos que o nosso planeta continue evoluindo antes que seja destruído por nós mesmos, devemos ouvir complacentemente e pesquisar com vontade para depois ter uma opinião formada de determinado assunto. Essa atitude, com certeza valherá de exemplo para o aluno: evolução do pensamento. Não falo de exemplo somente no sentido de algo adorado, a ser seguido, mas também no sentido de que o aluno dirá: “olha, ele se ele não faz tal coisa, por que eu tenho que fazer?”.

Temos um papel muito importante em nossas mãos e é de suma importância que tenhamos noção disso, invés de entrar em sala de aula com os livros de baixo do braço, planos feitos na base dos nossos gostos próprios e  na ideia teimosia de que, já que não “podemos” sonhar, o aluno também não deve e nem precisa disso. Não estou criticando os professores ou dizendo que apenas a nossa ONG está errada, claro que os alunos e, principalmente, os pais têm muitas atitudes a serem revistas. Entretanto, se as árvores caminhassem até os integrantes do Greenpaece toda vez que fossem desenraizadas pelo homem, tudo não seria mais fácil? Temos que ir atrás, pesquisar, fazer projetos e aplicar a solidariedade nas comunidades que somos responsáveis. Nossa profissão é de guerreiros, que, todos os dias, lutam nas árduas batalhas contra extinção da evolução e aprendizado humano.

By Míriam Coelho

O amor problema

gockel-alfred-romance-in-red-i O amor? Havia uma fase em que sentíamos frio na barriga e uma estranha implicância com o tal coleguinha de sala de aula, ou o vizinho que brincava na frente da calçada. Mas nada de muito consciente ou forte a ponto de deixar-nos de “ovo-virado” o dia todo quando víamos o fofo (a) se agarrando com outro alguém. Todavia, então, essa fase passa e os amores que começam a surgir tornam-se dignos das lágrimas. Conhecemos, finalmente, a utilidade dos famosos lencinhos de papel. A parte ruim não é essa, contudo, e sim a noção da nossa fraqueza perante o desastre do amor não correspondido. Pois digo que para as lágrimas não tenho a resposta mesmo, temos de conviver com elas.

A barra é difícil e por mais que você chore, seu amor não surgirá atrás de você, no meio da multidão, te dizendo que também não consegue viver mais um dia sem você ao lado. Possivelmente aquele quem você ama, também tem uma caixa de lencinhos de papel ao lado da cama, sendo utilizada nesse exato momento. A única saída é entender que se ama bastante à ponto de sofrer, também pode amar bastante à ponto de libertar tudo e deixar que o outro viva com quem realmente será feliz. Não adianta dizer que será feliz contigo, porque não mandamos no coração de ninguém. Acredito que esse é um dos aspectos do amor: saber libertar. O mesmo amor que destinamos a nós mesmos quando não suportamos algo, nos libertamos de tal situação. Vai doer no início, o buraco no peito e a sensação de que todos os órgãos subiram e intalaram na garganta vai existir. Mas passa.

Também nos atraímos por aqueles seres complicados que saem por ai dizendo “ainda não podemos ficar juntos, só mais tarde” e outras mil histórias referentes ao futuro. Ah, por favor, né, que besteira! Tem pessoas que realmente amam complicar a vida e transformá-la num filme dramático de longa duração, tipo Pearl Harbor. Infelizmente essa história dos sentimentos separados do racional está impregnada na nossa essência desde as primeiras séries escolares. Os professores dão o conteúdo e não mostram a visão moral e sentimental da vida. O que é ruim. A pessoa cresce acreditando que os desejos materiais (ou racionais) valem mais que qualquer coisa e que não estão unidos a vida sentimental, “O que eu sinto vem depois!”, e deixam partir as chances de viver uma história legal por simples teimosia.

Então a desculpa é que no momento, tudo que precisam é construir suas vidas para depois o “resto”. O outro é rebaixado a “resto”. É isso que você quer? Quer saber? Se você gosta de alguém assim, e por mais que tenha tentado mostrar o erro desse pensamento, não deu certo, ignore e “parta para outra”! Esse tipo de pessoa tem pouco a te oferecer. A melhor companhia é aquela que acrescenta à alma, que corresponde o carinho e  não aquela que tem pensamentos curtos e egocêntricos, achando que você vai esperar a vida toda. Por mais que essa cultuação ao material, separando o espiritual, esteja impregnada na escola, quem vive realmente, compreende que está tudo errado e que não existe emoção longe da razão.  Tentar alcançar só uma dessas é como correr atrás do próprio rabo. É uma questão de maturidade e visão aberta.

Por fim tem aquela pessoa que te reconhece como um ser maravilhoso e que deveria te amar, mas não consegue. Então te prende, com os mais variados argumentos do tipo “ainda tenho que amadurecer, não podemos ficar juntos por enquanto”, o que gera bastante confusão; um caso bem semelhante ao segundo que citei. Esse é o mais doloroso dos amores não correspondidos, porque a pessoa não é sincera contigo, por mais que implore um “fora” para chorar, sofrer, esquecer e ser feliz como toda pessoa normal, o outro não permite. Prende você na gaiola das incertezas e promessas até o dia em que finalmente o seu amado encontra o verdadeiro amor em OUTRA pessoa e descarta você por definitivo usando as palavras “sinto muito, eu tentei, mas não era você”. Final feliz para os outros. Fuja dessas complicações também. Se dê o valor.

Está nas suas mãos ser feliz e não deixar-se cair no buraco das paixões, sim, paixões, porque se ele (a) não te ama, então não é amor. Amor vem uma vez só na vida, acontece entre dois e nunca vai embora. Faz bem a qualquer um e não mata ou corrói em mágoas. Quanto aos racionais e planejados no depois, esqueça-os. Deixe para que os trapesistas do circo caminhem na corda bamba. Valorize-se e quando finalmente o “ ser amado” cansar/alcançar o próprio rabo será tarde de mais, nada será como poderia ter sido, esperando o tal futuro.

By Míriam Coelho

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Advento desenho de amar

Das forças mais sutis do meu peito ferido,

Rega-se, ainda, o amor através da fonte,

Que, há tanto, jurei que tinha se enfadado.

Do meu peito, só ouço o escorrer suave, dentre os espaços,

O líquido que se funde e confunde com as lágrimas do ser.

O que há de tão oculto em seus olhos para atrair-me, tão de pressa,

Mesmo quando eu devia odiar-te por suas palavras tão mortais?

Você me funde no escuro e me confunde em tudo

É o meu eterno advento desenho de amar

Seus traços, sua voz, seus gestos, são meu ímã particular.

Eu deveria ter me protegido desde o início ao invés

De ter aproveitado essa essência tão próxima da minha.

Sua rotina, sua forma de amar não se encaixam na minha

E, ainda assim, quebro-me a mim mesma para que se encaixem.

Por Míriam Coelho

sexta-feira, 1 de abril de 2011

夜反射

Os dias já não têm mais a simplicidade que tinham antes, as coisas eram mais fáceis na infância e nos contentávamos apenas com um brinquedo novo. Atualmente nem os brinquedos novos contentam as nossas crianças e a felicidade no lar não alenta os pais. Não há alento em lugar nenhum, é o que parece ser, a princípio. No entanto, há pouco, descobri que a totalidade é uma questão de necessidade em cada história da vida humana. Se ontem eu me contentava com um novo conjunto de roupas para a minha Barbie, hoje me contento com um desejo que meu eu quer, seja um prato de comida diferente, uma caminhada por uma rua sem casas, a visita há um shopping que não tem mais tanto pique, o segredo é aprender a ouvir o que realmente queremos e nem tudo que queremos requer dinheiro, apenas tempo e atenção conosco.

Já não há mais preocupações com o passado, porém também não me vejo tranqüilo remexendo nas velhas fotos. Acredito que tudo passou; magoou, mas foi embora. Ou está adormecido? Não sei. A única coisa que me importa é o presente, porque o futuro ainda nem nasceu e por mais que se corra atrás do tal amanhã ele sempre continua correndo, no final das contas, quando olha para trás, você só correu e deixou todas as tarefas inacabadas. Não há como voltar, nesse caso, porque passado já morre quando transpõe a linha do hoje.

É confuso? Não. São apenas palavras que vieram e que registrei para lembrar-me das minhas idiossincrasias, palavra que contém uma velha história. O que quero dizer é que a vida é complicada mas temos que complicar com ela também. Acho que se ela nos fere, então, nada de dar mole com ela! Vamos complicar com ela, e apenas com ela!, não me refiro a nós mesmos, conosco temos de ter o máximo de paciência.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O que há?

E esse gosto na boca, tão amargo que preocupa?

É como se pudesse pressentir o queimado dos sonhos.

Eu não quero mais caminhar pelas estradas assimiladas

Aquelas que me condenei a transcorrer

Para perceber os erros que cometi ao deixar-me levar.

.

É tão bucólico o que anseio para meus dias, que

Não haveria sentido de tantos obstáculos dolorosos.

Mas eles brotam da terra com o mesmo fervor dos

Desejos mais complexos e sombrios que se possa ansiar.

Não adianta, a inquietude tende a me amedrontar.

.

É como se o meu eu de dentro chorasse antecipado

Para alarmar os olhos do meu eu de fora, tão ingênuo.

Não quero ser tão transparente para os que me vêem

E não quero complicar a minha verdade para mim.

Quero ser complicada para os que me vêem

E transparente apenas para mim mesma.

By Míriam Coelho

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ah, é tão fácil…

sonhos_metalicos É tão fácil usar palavras já ditas por outros filósofos, não? Claro que a maioria delas fala como se respondesse alguns de nossos anseios, mas não significa que respondam aos conflitos do mundo constantemente. Não somos seres comuns e análogos. Por mais que as experiências se assemelhem entre os seres humanos, há sempre as histórias já vividas e a personalidade de cada um a ser relevada. Pelo menos é o que eu vejo.

Isso é uma das coisas que tem me revoltado por esses dias, e só agora consegui por para fora. Essa necessidade que as pessoas têm de dizer: eu entendo o que tu passas e acho que tu deves fazer tal coisa, é tão simples! Isso me revolta. Não, não é simples, e ninguém é dono da verdade de ninguém, não está sempre em nossas mãos o poder de surgir na frente de um amigo e dizer que ele está fazendo tudo errado e que tal caminho, sim, é o certo. É bem provavel que você esteja correto mesmo, tal caminho melhoraria a vida do outro, porém ele nem sempre tem as condições suficientes para estar nele, e tais caminhos podem depender de segundas e terceiras pessoas também. Há sempre muitas consideráveis a ser somadas com as situações e se os psicólogos já cometem erros, imagine um leigo na filosofia do emocional humano!

Outra coisa também que me revolta é quando tu estás com algum problema, desabafa com alguém e obtêm a resposta: ah, não é só tu, muitas pessoas sofrem com isso, tu não tens o direito de ficar sofrendo por isso, não é só tu. Eu acho uma total falta de hipocrisia consigo mesma, a pessoa filosofar em cima de dores gerais e esquecer de pensar sobre a sua própria, que está ali, matando cruelmente, no momento. Claro que devemos pensar nos outros, principalmente quando um amigo ou conhecido está sofrendo, necessitando de amparo. É humano oferecer a mão e todo o auxílio possível ao próximo, até nos momentos em que nós mesmos também estamos sofrendo. Assim como é humano refletir e discutir sobre as suas dores interiores. Agora, ficar dialogando sobre a depressão do mundo (mal do século), por exemplo, tendo um amigo quase se suicidando é ridículo! Vai ajudá-lo então! Deixe a filosofia para depois, para apresentar palavras que ainda não foram ditas nos blogs e orkuts (clichês).

Onde quero chegar aqui é que, por mais que nos seja semelhante, ou simples de mais, o sofrimento de alguém, não é! Não sabemos quais foram os traumas pelos quais a pessoa passou, para chegar àquela fraqueza; embora haja a chance de saber muitas coisas sobre a vida dela. Não temos o poder de julgar ou achar que é a hora da verdade e dizer tais palavras mesmo que doam. A intenção é boa, estamos preocupado com o próximo, mas não é esse o caminho, ninguém quer a resposta do que deve fazer, apenas alguém que ouça e dê apoio, carinho, só isso já é uma grande ajuda. Isso me deixa pasma e preocupada... Letras da Fresno e Legião Urbana não são a súplica geral do mundo, embora muita gente desabe em prantos escutando e use trechos das músicas no perfil do Orkut.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Minha verdade, sua verdade

Tuas palavras me machucaram como pontas de faca,

Como se elas quisessem ferir as tuas próprias verdades.

Através da minha fraqueza.

Não te enganes, pois nossas verdades

Não andam juntas, nem se encontram

Ali à frente.

Teus olhos um dia foram o meu amparo,

Hoje são parte da dúvida que resvala

Pelo meu peito.

Há muito mais no horizonte, eu sei

O mundo não é tão frio e mesquinho quanto

Você me jura.

Por noites e dias, meus pensamentos vagaram

Catando mil informações nos olhos e atitudes

De quem eu vi.

Por isso, não ajuízes que sou tão tola a ponto de abrigar,

De você, suas verdades leigas e cegas, transformando-me

Em destroços do que um dia fui!

by Míriam Coelho

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Uma canção a mais

Escrevo apenas palavras,

Estas que me convencerão

De que te esquecer é fácil.

De que te esquecer é rápido.

Tento delinear meu futuro num papel

Com cores que me inspirem alegria,

Quando, na verdade, apenas quero

Um canto para chorar até não lembrar

Dos motivos que me fizeram sentir dor.

Sim, você me maguou de verdade.

Mas não foi com tua ausência que isso melhorou.

Você calculou errado o que era certo.

E eu menti, eu não acredito em você ou nas suas promessas,

Porque você achou que algumas palavras,

Uma vez na vida, me fariam crer sempre.

Você me perdeu porque não cuidou.

Você me perdeu porque me deixou no vácuo

Tantas noites, sem eu saber o que deveria pensar.

Você não vai mais encontrar o caminho de volta,

Porque nem ao menos soube cuidar do que dizia,

Com tanta vêemencia, que tinha valor.

Eu, agora, apenas tenho que me convencer

De que é o fim para nós dois, e não te esperar.,,

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Conto: O Príncipe das águas

3768466519_0bd6b60d8e Havia uma casa que se localizava no topo de uma grande colina, à beira do mar frio e revolto, protegida por uma floresta, pedras imensas e uma trilha de barro que levava até a praia. Lá morava uma jovem, que vivia com sua família: a mãe, o padrasto e o irmão mais novo. Ela nunca saia, sempre ficava trancada dentro de casa, porque não tinha ânimo para sair do quarto. Sempre sentada à beira da janela do quarto, ela observava o horizonte azul e as águas do mar sombrio, enquanto fugia das discussões familiares dos outros cômodos da casa.

O tempo foi passando e, numa noite dessas, a garota sentiu um forte desejo de sair de casa. Pulou a janela do quarto, sem que ninguém visse, e caminhou em volta do precipício de pedras, mirando as ondas que se quebravam na costa, lá embaixo. Resolveu descer. Esgueirou-se pelos pedregulhos enormes e perigosos e seguiu uma trilha de barro, até pisar, pela primeira vez, na terra da praia. Sentiu uma energia tão grande, a liberdade misturada com mistério e felicidade, uma amalgamação de sentimentos. As imagens estavam escurecidas, somente a luz da lua e as estrelas clareavam a visão da menina, mesmo assim a vista era linda. Sentiu, sob os pés, a areia fofa e úmida pelo orvalho da noite, e a água escura e gelada que banhava e recuava na costa.

Enquanto caminhava pela beira da água gelada, avistou um homem no meio do mar, que vinha em sua direção, caminhando sobre as águas. Era jovem como ela; tinha os cabelos longos, que pareciam a continuação da água e olhos castanhos que brilhavam na noite. Ao se aproximar, ela pode notar a sua face serena. Ele vestia roupas tão escuras quanto o tom da água de onde surgira. Assustada, mas sem se afastar, ela perguntou quem ele era.

– Vim do mar e só isso basta saber, moça. – respondeu ele e os dois passaram a noite inteira conversando. A conversa começou timidamente até que ambos sentissem a vontade um com o outro. Ele falou dos costumes e objetos estranhos que tinham no seu mundo, assim como ela contou das coisas horríveis que tinham no dela. Ao perceber que o amanhecer se aproximava, despediram-se, ele voltou para o mar e a garota subiu a trilha de pedras novamente, de volta a sua casa.

Nas noites seguintes, os dois continuaram a se encontrar na praia. Caminhavam por terra, hora pelas águas do mar. Junto dele ela não tinha mais temor de nada, estava feliz, como no momento em que pisara na praia pela primeira vez. Tudo acontecia às escondidas da família da garota, ela saia à noite e voltava antes do amanhecer. E, numa noite, não suportando mais aquele sentimento para si, a jovem confessou seu amor pelo homem das águas e ele respondeu, “Não posso ficar com você agora. Tenho de resolver algumas coisas e tão cedo não voltarei.” Pronunciando estas palavras de despedida, o rapaz das águas mergulhou e não emergiu mais na promessa de que um dia voltará.

Novamente a vida da garota se tornou vazia. Toda as noites a garota caminhava pelos mesmos lugares onde passaram, na esperança de encontrá-lo novamente. ou reviver as lembranças mesmo; e a cada noite que ele não aparecia, mais seu coração se afligia, perdendo a fé. Até que, numa vez, ele reapareceu antes que ela descesse pela trilha de pedras.

− Você veio me buscar? Ah, sinto tanto a tua falta! – disse ela, nostálgica por revê-lo.

− Não, ainda não cumpri todas as tarefas, apenas vim ver você. – respondeu.

Caminharam juntos, conversando como antigamente e depois ele foi embora novamente. Os novos dias que se sucederam para a jovem foram tristes e difíceis. Ela voltou a estudar na escola do povoado e sofria com as perseguições dos colegas, como sempre.

Um dia, colocaram baratas no lugar onde ela tomava banho. Depois de tantos gritos de pavor, ela conseguiu controlar o pânico e matá-las, uma por uma.

Noutro dia obrigaram-na a trabalhar em dobro na limpeza e tarefas escolares. Os professores a mandaram fazer suas obrigações e as dos colegas, enquanto eles se divertiam no pátio. Tudo porque a detestavam.

Quando ela chegava em casa, tinha de sofrer com as brigas e implicâncias da família. Até que, um dia, para completar seus problemas, a mãe descobriu que ela saia a noite para passear na praia e obrigou-a a contar toda a verdade. Sempre que a garota ficava em casa ouvia sua família rir e dizer: Ele jamais voltará, tão pouco ficará com você.

O jovem das águas reapareceu pela segunda vez e em prantos a garota perguntou:

− Veio me salvar? Ah, estou sofrendo tanto… Estou sozinha e Preciso de você. Você não imagina o que estão fazendo comigo…

− Não. Vim apenas revê-la. Ainda não está na hora, preciso resolver algumas coisas. E você terá de ser forte, a partir de agora, eu não sei quando volto.

Abraçaram-se fortemente, caminharam pela trilha de pedras e pelo mar. Novamente, antes do sol surgir, ele desapareceu sob as águas.

Os dias e noites seguintes continuaram torturantes, e à medida que tudo corria, ela ia perdendo a esperança do retorno do amado. Foram dias e noites de lágrimas até perder todas as esperanças e jamais retornar a praia. Cansara de tanta espera.

Os anos se passaram quando ela conseguiu vencer todos aqueles que lhe faziam mal a sua volta. Tornou-se indiferente a todas as maldades e sempre que alguma lhe atingia, ela se defendia com todas as armas interiores que possuia. No entanto ainda sofria quando sua família ria e lembrava do amor que prometera voltar e jamais veio.

No anoitecer de um dia, porém, no meio da ceia que o povoado estava fazendo em conjunto, o jovem das águas apareceu, procurando pela garota. Quando ela o viu ignorou-o de raiva, não queria mais vê-lo. Tinha em mente que ele não ficaria por muito tempo e logo partiria. Ele a seguiu durante a festa inteira, enquanto todos riam dele e diziam que ela sabe que eles jamais ficarão juntos. Mas ao amanhecer a garota notou que ele ainda estava lá.

− Agora podemos ficar juntos. Já cumpri as tarefas que precisava antes de me livrar dessa maldição. Nunca mais irei embora. − Ele disse.

Em prantos, ela o abraçou dizendo: “Ah, meu amor. Veio na hora certa, pois se você demorasse um pouco mais, me perderia para sempre!” Os dois foram embora, no mesmo instante, deixando a casa, o topo da colina e o povoado que tanto fizera mal a jovem. Construíram uma nova vida em outro lugar e, hoje, se ainda vivem, são muito felizes.

by Míriam Coelho

Discussão Inútil

Eu estava navegando pelas páginas do Orkut, e numa das comunidades encontrei o tópico “Deus não existe”, com vários “concordo” e “discordo” descritos abaixo. Fiquei revoltada, não com tanto com a afirmação em si, mas porque a maioria das pessoas que disseram que Deus não existe é porque estão “revoltadinhas” com suas vidas sem graça, então querem procurar algo para porem a culpa.

Acredito que a questão ali não é religião, não. Deixamos a religião tomar conta de mais das nossas vidas, assim como deixamos a disney tomar conta de nossas infâncias, e quando descobrimos que a Ariel e o Mickey não existem, também concluímos que Deus e todo o “blábláblá” religioso também não (afinal, já cometemos muitos pecados e Deus não lançou raios para nos castigar, né?).

Deus existe, sim; mas não vai interferir na vida de ninguém, tão pouco castigar ou mandar para o inferno. Deus é a luz e o amor que temos dentro de nós e praticamos, está entranhado em nós assim como o demônio, que se refere aos nossos pensamentos negativos e atitudes imbecis. As religiões e o que elas pregam são filosofias de vida que cada ser humano escolhe seguir, são palavras que se aceitamos e devemos levar a sério, não seguir um rito aqui, cumprir uma promessa lá e visitar o templo a cada mês. Se você não escolheu filosofia alguma, não ajudou a si mesmo e não pôs um pouco de cultura dentro da mente, como é que vai encontrar o seu Deus interior?

Mas enfim, isso é tudo questão de crença e falta de estudos históricos mesmo, que a nossa cultura brasileira cultiva há anos e incentiva a piorar. Enquanto os grandes filósofos e pesquisadores como Marie Lousi Von Franz e JUNG tentam desvendar a ignorância mundial, nosso país continua afundado no funk e no BBB. Ninguém abre um livro para pesquisar o que as religiões tanto tentam encaixar em seus cérebros e se realmente faz algum sentido para suas vidas, tão pouco os significados das atitudes dos nossos povos antigos, muito mais ricos em cultura do que nossa sociedade atual.

Aquele tópico me irritou profundamente, porque ao invés de o ser humano procurar ajuda, procurar instrução, evoluir mentalmente, ele procura socar toda a culpa em Deus, que é luz, esperança, a vida que está dentro de nós e que temos que agradecer

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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O que tanto vê?

09_sonhar Eu vejo a cidade feia e fedorenta lá em baixo, repleta de pessoas fúteis e birrentes, em contraste com o céu azul e as núvens que navegam, deixando tudo mais tranquilo e puro...