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No Hospício

“A palavra não deve ser para a alma senão um sinal misterioso, muito discreto, muito austero, muito augusto, só perceptível à visão dos espíritos. Parece mesmo uma deplorável extravagância da nossa natureza incompleta este capricho de reduzir a medida e a cadência as grandes emoções a que a alma se exalça em certos momentos.” (Rocha Pombo)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Quando foi que deixei de ver?

E quando você cansa de cantar e quer também dançar?
E quando você se indaga: onde é que todos foram parar?
A vida parece estar girando longe do redor de você
E por mais que você corra, ela jamais retrocede a chance.

Eu queria também participar,
Eu também queria rir e dançar,
Eu também queria fingir que dará tudo errado,
Quando na verdade as coisas vão sair a meu benefício.

Cansei já de chorar por quem nem sabe o que é isso.
Mas como posso seguir em frente se nem assimilei isso?
Eu vejo a paisagem rodar lá longe
E não posso nem me jogar para dentro.

Onde foi que estive todo esse tempo?
Por que foi que não vi nada disso antes?
Onde foi que minha alma esteve todas as vezes?
Por que será que jamais vi quem era o que antes?

Os tombos se tornam mais difíceis à medida que você cai sempre no mesmo lugar.
E não há muito que se possa fazer quando os hematomas começam a arder e secar.
Se é tudo uma ilusão, onde está aquele que vela o sonho e nos acorda?
Ou estamos vivos num mundo de gente dormindo, ou nós é quem estamos dormindo,
Num mundo de gente acordada.

E por mais que você tente escrever,
Nem todas as palavras do mundo descrevem você.
A medida que os anos vão se aproximando,
Eu percebo os buracos que ficaram perdidos no caminho;
Se eu estou fora dessa roda que gira por ai,
Não adianta lutar, as mãos não te cederão um lugar.


Míriam Coelho

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Então é isso

Tudo indica que você está indo embora e não há nada que eu possa fazer. Não percebi isso ainda? Esse é o nosso destino: separados e unidos apenas por um fio de lembrança. Parecia que tudo estava escrito para nós, a música, a euforia, o sonho. Mas então, é isso, chegamos ao final e esse é mesmo o fim, com esse gosto amargo e fervente na ponta da boca, que escorre lentamente pela minha garganta, me imobilizando, me sufocando. Já não me esquivo mais do frio e dos golpes violentos do meu mundo, o meu teatro de panos. E a cada golpe eu me torno mais entorpecida do que antes. Esse é o meu destino e eu não percebi ainda? Como num pesadelo eu gostaria de me mover, lutar e sair do lugar. Mas uma força muito mais forte me impede, e essa força é você! De nada adianta te buscar no alto da torre se não consigo nem subir sozinha. Esse é o meu destino e eu não percebi isso ainda? Porque lá no fundo ainda quero que seja mentira... ainda quero chegar até você e jamais te perder... ainda quero escutar em suas palavras "compreendo seu mundo"... ainda quero descobrir que você é mesmo aquele que gosta de mim... porque mesmo te magoando pelas mãos dos meus demônios de pano eu ainda gosto de você.

domingo, 21 de novembro de 2010

Que sentimento é esse?

Surge um sentimento agudo no fundo do peito, como uma espécie de aviso, ou uma fagulha estranha que se instalou ali dentro. Você nem sabe de onde veio, ou como chegou lá, mas surgiu quando "aquela pessoa" disse palavras que tocaram você. Talvez sejam essas palavras a fagulha estranha que se instalou, parecem sólidas e que nunca irão ir embora.

sábado, 20 de novembro de 2010

Escrúpulos?

Escrúpulo. Caráter íntegro, oriundo da consciência espiritual de cada pessoa, segundo os dicionários. Esse tipo de caráter vem me cutucando a mente durante um tempo, já. “Consciência espiritual de cada pessoa”, o que é isso? Poderíamos dizer que é fidelidade, autenticidade, compaixão entre uma infinda barca de clichês que vemos nas comunidades de apoio do Orkut. Mas como ali em cima mesmo diz “de cada pessoa”. Como podemos culpar alguém com a falta de caráter, se o que é errado para nós não é errado para ela?

Há pessoas na minha vida que acham que beijar o cara que eu gostei durante tanto tempo não é traição; já que beijaram milhares de outros indivíduos por aí, isso chega a ser tão normal quanto ir ao banheiro e fazer cocô. Há outras que me humilhavam na frente de qualquer garoto (todos meus amigos e nada mais), por estarem tão desesperadas em “ficar” com mais um e sentiram-se ameaçadas com a minha presença. Pessoas que me prejudicaram nos estudos, roubando o meu esforço em cima dos trabalhos e ficando com toda a gratificação do que não fizeram. Depois, essas mesmas, vinham me abraçar, nomeando-se verdadeiras amigas. Pessoas que um dia falaram muito mal de um escritor famoso da faculdade que estudo e deixaram que eu levasse toda a culpa, se esconderam como ratos de esgoto fugindo do dedetizador.

Para mim, todas essas atitudes acima são abomináveis, irritantes e decepcionantes; no entanto, para o resto, inclusive aos praticantes dos atos acima, é a uma parte do seu caráter espiritual, que temos de aceitar se bem gostarmos e quisermos.

sábado, 30 de outubro de 2010

Para não dizer mais nada: o ensino


Há muito tempo que observo, inconscientemente, a figura de um sofá, pintada numa parede pública, toda vez que meu ônibus passa pela subida da Lomba do Sabão. É uma imagem mal feita, disforme, algo que jamais seria posto nem num desenho simples de histórias em quadrinhos. Mas está lá, para ilustrar a venda de móveis. Visto superficialmente, isso parece não ter nada a ver com o filme “Entre os muros da Escola” ou a situação do nosso ensino escolar, no entanto, no mesmo dia em que assisti a esse filme e passei pela parada de ônibus, acabei relacionando as duas coisas.

As linhas são irreais, jamais que um móvel da sala-de-estar seria assim, os traços são postos de qualquer jeito e forçam, a todo custo, a imagem de um sofá. Sinto-me obrigada a pensar que aquilo é um sofá e quando, por um tempo, consigo me desligar da visão, sei muito bem que é um desenho mal-feito, não é um sofá! E assim é o ensino das escolas. Os professores obrigam os alunos a aprender tal conteúdo e por um momento estes estudantes são forçados a pensar que “isso” tem algo a ver com a vida deles, mas quando fecham os olhos, ou saem da sala, percebem que nada do que foi dito fez algum sentido no cotidiano, não é real.

Como aluna, ainda lembro-me que fomos forçados a aprender a análise sintática das frases, mas nunca nos explicaram o sentido daquilo. Jurávamos de pés juntos, com os livros na mão, que o assunto era importante e cumprimentávamos, admirados, os colegas que dominavam (decoravam) todas as regras. Depois, fora do ambiente da escola, longe das provas, dos olhares mórbidos e vazios dos professores, nos sentíamos livres dessa obrigação, de pensar que análise sintática está mesmo nas nossas vidas do modo como ela aparece no quadro, separando “palavrinha” por “palavrinha”. Nunca nos explicaram o porquê disso!

O filme “Entre os muros da escola” encerra com uma das alunas dizendo ao professor que não aprendeu nada, embora tenha sido aprovada no ano letivo. O professor não entendeu o que ela quis dizer; para ele, era impossível que um aluno não tenha aprendido algo, mesmo estando em sala de aula. Porém, para quem se recorda dos tempos de escola ou está na escola, sabe que isso é bem possível e recorrente. Nas aulas de português são usadas frases vazias, cruas, que nada dizem aos alunos. Na matemática nos indagamos “aonde é que vamos usar uma fórmula de báscara, se não for na prova de matemática?” Em ciências ouvimos falar de animais e membros interiores desses animais, sendo que, a maioria deles, jamais vimos ou tocamos realmente. Então, para que temos de saber de tudo isso? É um ensino irreal, de faz-de-conta, que temos de fechar os olhos e imaginar que é concreto.

Acredito que essa é a mensagem do filme e quando sabemos a resposta da pergunta de um aluno, “por que estamos aprendendo isso?”, temos a chave do verdadeiro ensino nas mãos. O professor não ensina apenas regras e conceitos gramaticais, ele ensina a vida, prepara o indivíduo para a sociedade. Armazenamento de dados? Só em pendrive! Os estudantes pensam, até mais do que muitos educadores que estão hoje nas escolas, fingindo que sabem o que estão ensinando. Um dia, estes mesmos educares foram pendrives. Então, por que forçar o sujeito a armazenar, a ser uma máquina, e não a pensar? O filme francês, passado na aula de Didática, "Entre os muros da escola", me remete a essa questão.

Míriam Coelho


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A arte de jogar xadrez

Todos somos peças de xadrez guardadas para determinadas horas e descartadas noutras. Há vários tipos de peças, entre elas, aquelas que servem para alentar as que estão temporariamente solitárias e as que são alentadas por amigos verdadeiramente solitários. O problema de se saber disso é quando você se encaixa na primeira delas, e só caímos na real depois da revelação: o escanteio. Ai nos arrependemos e queremos muito voltar atrás. O egoísmo do ser humano nos remete à meras peças de jogo. Acessórios para a próxima fase.
Falo daquelas pessoas que sofrem com alguns problemas de uma vez só e tem amigos ali que ajudam, que dão o máximo de atenção e apoio para orientar o outro. Depois que a grande nuvem negra passa esses "amigos" ignoram a mera peça de apoio, e conseguem mesmo fingir que não está ali. E quando não há nada mais de útil para fazer lembram-se das peças de reserva, que estão passando por problemas semelhantes ou até piores que os deles, e dão uma passadinha ali, marcam um momentinho de presença e deu, voltam a viver suas vidas maravilhosas e compactas.

By Míriam Coelho

A mente

Houve uma época em que ganhar brinquedos era o que precisávamos para ser feliz, um brinquedo novo nos deixava contentes por semanas. Agora, os objetos que compramos nos deixam contentes no máximo por um dia (o dia em que o usamos pela primeira vez) e depois se tornam mais uma peça insignificante do nosso campo de visão corrido e conturbado. Não há mais brinquedos que possam nos alegrar ou curar nossas lágrimas como antes.
Alguns de nós têm a visão do certo e do errado, sabe o que fazer, mas se deixa levar pelos impulsos e se atira no buraco, como um cego, mesmo não estando cego. É muito fácil dizer "faça isso, faça aquilo" para os outros, porque estamos do lado de fora do labirinto e temos um campo de visão bem aberto sobre aquela pessoa. Mas quando somos nós ali dentro, cometemos os mesmos erros porque somos nós ali sofrendo, lutando contra os moinhos de ventos invisíveis. Não enxergamos nada além do que está próximo de nós, não sentimos nada além da nossa própria dor. Entramos e saímos inúmeras vezes nos becos sem saída e passamos pelas brechas de saída sem entrar, com medo que nos leve a outro equívoco.

By Míriam Coelho

sábado, 4 de setembro de 2010

A arte de ser mulher


Na história, a mulher brasileira foi uma das mais castigadas e reprimidas pelo machismo do homem. Também foram essas as que mais lutaram e construíram subsídios para termos a liberdade que hoje possuímos. No entanto, quando passo por uma TV ligada, ou observo certas atitudes oriundas de mulheres/meninas nacionais, me questiono "Onde foram parar essas mulheres que se valorizavam?".
É entristecedor ver que a maioria das que aparecem na mídia têm um visual do tipo: calças justas delineando bem o bunbum (a maioria siliconado), barriga de fora e os pelos pubianos bem a amostra, blusas espalhafatosas com os peitos explodindo de dentro, sempre gritando, sem nenhum comportamento que pareça ter resquícios de raciocínio humano. Uma ridicularização total do nosso sexo!
Não falo aqui da mulher brasileira em geral, afinal uma parte desse conjunto feminino trabalha, estuda, acorda cedo e volta tarde para casa, têm responsabilidades e as cumpri. Falo daquelas que não se preocupam em estudar. O trabalho fica para depois que tiver oito filhos e um marido que não espanque tanto. Falo daquelas que adoram mostrar a vulva - todo o resto que se tem e já não é mais segredo - nos bailes funk, dando um exemplo maravilhoso para o que ainda é criança. Cadê o respeito próprio dessas mulheres? Cadê a consciência? A dignidade? Está jogado no lixo, junto com o esforço das nossas ancestrais que morreram enforcadas, queimadas, torturadas e julgadas injustamente! Está duvidando? Não está concordando comigo? Então minimiza ai a página de fofocas e digita no google-imagens: "a mulher na inquisição" e dê uma olhada em como era a condição da mulher naquela época. Se isso te chocar, procure, então, sobre a conquista da mulher brasileira durante a história do nosso país e terás mais informações valiosas!
Surgiu, nessa semana, um debate em sala de aula relativo a visão da mulher brasileira frente aos países estrangeiros. Somos vistas como prostitutas, e é sério. O maior índice de imigração prostituta na Espanha é de brasileiras e argentinas, segundo um taxista de lá. Minha professora de espanhol disse que morre de vergonha toda a vez que visita seus parentes na França, na época do carnaval brasileiro. O porteiro de lá, que a conhece, liga a TV e ri com os amigos, assistindo o carnaval, com "aquelas mulheres" nuas (já não é semi-nuas), somente com os bicos dos seios tapados, e olhe lá! Para que isso? Não há mais fantasias carnavalescas, apenas tintas para o corpo e penduricalhos de plástico. Há muito tempo, se perdeu o sentido de festa para se tornar um fácil acesso para fuder.
Depois de tudo isso, as mulheres que realmente tem respeito por si mesmas são apedrejadas, ofendidas, humilhadas e maltratadas no estrangeiro, levando a fama de gente desse baixeza. Temos de aguentar frases como "é verdade que a mulher brasileira é criada desde criança para ser prostituta?" Uma coisa é tu ser uma menina, pobre, atirada nos quintos do país onde nem presidente consegue te enxergar, e ser obrigada a vender o corpo por pessoas de força maior, porque tu não tem dinheiro nem defesas próprias. Isso já é um problema triste e mundial, temos de lutar contra isso também. Outra é tu dar o corpo por ai, histericamente, e deixar bem exposto para o resto do mundo, como se fosse um slogan da nossa pátria! Isso me deixa doente de vergonha e revolta. Como já desabafei, só me restou a vergonha, a vergonha de ser mulher brasileira e saber que na mídia não aparece nenhuma que não fique gritando, se chacoalhando e falando de mais um silicone implantado na bunda de mais uma filha-da-puta!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A arte de ser educado e outras coisas

Esses dias eu estava assistindo um curso da faculdade quando a professora pediu para que continuássemos o trabalho da aula anterior, na qual eu não compareci, utilizando um texto também entregue nesse dia passado. Era uma tarefa pequena, algo que poderia ser feito em menos de 10 minutos sendo que tínhamos 30 minutos para fazê-lo, entregá-lo e continuar "jogando papo para o ar".
Virei para duas colegas atrás de mim, as quais cumprimento e tive a oportunidade de falar algumas vezes, e perguntei se poderiam me emprestar a tal folha depois que terminassem a tarefa. Não me responderam. Apenas me olharam e continuaram falando de assuntos paralelos, entre elas. O mesmo se repetiu com as três colegas da frente.
Tive de atravessar a sala, então, e pedir para outras duas colegas, que me chamaram para dividir a folha com elas e terminar o trabalho, por fim.
Achei uma total falta de educação e coleguismo da parte das colegas que nem me responderam a pergunta, como se eu tivesse de adivinhar o que elas pensam!, pessoas que temos de aceitar como "colegas" numa sala de aula. Meu curso é de licenciatura em letras. Como pessoas desse comportamento vão lecionar numa turma de adolescentes, ensinando a respeitar o colega e a ser solidário quando elas não o fazem?
Não quero nem mencionar uma, dentre essas colegas que não falam verbalmente, que age como uma criancinha mimada pior que as princesas da Disney, totalmente fora da nossa realidade, tem medo até de falar com os colegas sem ter a presença do namorado ao lado. Nunca responde nada para ninguém sem que o namorado mande, nunca faz trabalho algum sem que o namorado esteja por perto e não tem opinião alguma que já não tenha sido dita através pela bíblia! Uma Bella do Crepúsculo, versão bíblica.
Eu fico perplexa e revoltada com esse tipo de gente... Nada contra a religião, ou a Disney, ou até mesmo a minha turma de faculdade. Porém são atitudes assim que me deixam enojada e me fazem me auto-questionar quanto a "se quero ou não me tornar uma pessoa pública no futuro, tendo de conviver mil vezes com esse tipo de gente mesquinha?". Isso é só mais um registro do meu mundo perdido no qual pertenço não pertencendo.
(by Míriam Coelho)

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A arte de ser pai?

A mamãe, uma professora trabalhadora - pobre sofredora - veste seu filho de dois anos de idade - indivíduo consciente de seus deveres e o espaço que ocupa no mundo contemporâneo - com uma peça de roupa caríssima para deixá-lo dentro de casa, com a porta do banheiro aberta, após desinfetar todo o ambiente com clorofina. Ela olha para o filhinho e diz "a mamãe passou clorofina em todas as paredes do banheiro, então não entre aqui, tá?" e vai ver a imperdível novela da tarde. A criança - muito concisa de seus deveres no meio social - entra no banheiro para brincar e inutiliza a roupa que a mamãe falou para não sujar. Que feio! A mamãe - pobre e inocente ser baixado na Terra -, quando vê o resultado da maldade do filho, grita, morde e bate nele até não ter mais forças nas duas mãos. Depois volta a ver TV.

Agora vamos recontar essa história:

A mamãe - criatura que ganha a vida dando aulas de forma anti-didática: na frente de uma classe de madeira, mandando os alunos ler e responder as páginas do livro "porque semana que vem tem prova" de preencher lacunas - veste seu filho de apenas dois anos (veja bem, eu disse DOIS ANOS. Porra, não dá para aumentar mais isso!!!) com uma peça de roupa caríssima e inútil para deixá-lo dentro de casa, com a porta do banheiro aberta, depois que ela desinfetou o banheiro com clorofina. Ela olha para a criança e diz "a mamãe passou clorofina em todas as paredes do banheiro, então não entra aqui, tá?" e vai ver a maldita novela de sei-lá-que-raio-de-canal! A criança, inocente e sem noção dos seus atos, ainda, entra no banheiro para brincar e inutiliza a roupa que a debilóide da mãe colocou e mandou não sujar. A mulher, estressada com a vida que tem e por não ter a roupa e as jóias que aparecem na novela, vê o resultado da brincadeira do filho de dois anos. Ela levanta da cadeira, grita com a criança, morde e bate até não ter mais força ou vontade de continuar batendo. Depois ela volta para a TV.

Essa é a arte de ser pai na sociedade contemporânea, constituída pelo homem moderno. Os pais - que não deveriam ser pais - despejam suas frustrações nos filhos, muitas vezes inocentes e indefesos. Então? Quem pode saber ou salvar um ser indefeso que não tem nem palavras para dizer o que é certo ou errado na vida dele mesmo?

(By Míriam Coelho)

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O Cercadinho é só de plástico

A ilusão. Há tantas pessoas que agem como crianças inocentes tentando, de todo modo, enfiar a pecinha redonda no buraco quadrado do brinquedo. E quando finalmente conseguem, depois de tanto esforço, a pecinha se fixa por um determinado tempo lá e logo escapa, é inevitável. A criança nunca terá paz se tentar forçá-la a encaixar de novo, sempre haverá o trabalho dobrado e depois o medo da peça escapulir novamente, e isso sempre acontece. E ela sabe, só não quer acreditar! Por que é tão difícil abrirmos os olhos e ver que não estamos preenchendo os buracos com as formas certas?
Assim eu vejo o coração de muitas pessoas, e não falo de um amigo, dois, ou três... falo de várias pessoas que passam pela mesma situação. Essas crianças ainda nem cresceram, não deram seus primeiros passos em direção aos braços do mundo e insistem em preencher seus buracos vazios engatinhando e catando as primeiras peças que encontram pelo caminho. Depois que não dá certo - e não vai dar mesmo - choram, berram e se revoltam contra as paredes do berço, alegando que são bebês de má sorte, incompreendidos pelo universo do cercadinho de plástico.
Não, não é assim que acertarão o jogo, não se vence ele antes de pisar bem firme no chão, com a direção definida para os braços certos que se quer chegar, na altura certa para observar a onde pisa. E já chega de tentar enfiar a pecinha errada no buraco inadequado!, compare todas com as formas e tamanhos dos buracos antes de escolher o que você quer encaixar ali.
Por fim, para esclarecimento de determinadas expressões, minha intenção não foi ofender ou alegar imaturidade à qualquer pessoa, apenas usei a minha hipótese de que DENTRO DE TODO O INDIVÍDUO, MADURO OU NÃO, HÁ SEMPRE UMA CRIANÇA REINANDO COM SEUS COMPLEXOS E TEIMOSIAS.

(by Míriam Coelho)

Adivinhando o Estudado!!!

Muitos têm a mania de dizer despresadamente "ah, isso é tão conto de fadas!" quando nem sabem o que é um conto de fadas realmente. Tudo bem, a TV - para não citar certas emissoras de produção de filmes internacionais - destruiu essas histórias e recriou um universo tosco e bobo para a criança (subestimando a capacidade intelectual dela, é claro!), e quase 98% da população brasileira têm a idéia errônea sobre os contos populares antigos, também denominados contos maravilhosos, que são ricos em símbolos psicológicos e metáforas dos nossos povos mais antigos. Pois há a obesa preguiça de pegar os livros e lê-los, pesquisar o que os grandes intelectuais e pesquisadores têm a dizer sobre o tema; para depois, sim, opinar. Isso me revolta e é assim que o nosso país é construído: pessoas leigas, que adivinha o que já foi estudado e comprovado QUE NÃO É ASSIM!
Agora vem a pergunta matadora: por que somente essa grande massa de brasileiros têm a incultura diante dos fatos, se os mesmos filmes e reconstruções imbecis dos contos maravilhosos estão espalhados pelo mundo? Aí voltamos ao X da questão: a preguiça! É mais fácil viver sonhando acordado com a "mega sena" sorteada do que levantar de manhã cedo e ir estudar, trabalhar, criar vergonha na cara mesmo! Então vem o maior desmerecimento aos intelectuais: são taxados de preconceituosos, críticos ruins, "fumantes de baseado" ou pessoas sem noção da vida; quando foram aqueles quem criaram vergonha na cara e foram buscar informações sobre o que os rodeia. Não entendo, parece que a maior parte da população nacional prefere viver num mundo de novelas e funk, acreditando na vitória através da "benção divina" do que estudar e trabalhar de verdade.

(By Míriam Coelho)

sábado, 7 de agosto de 2010

O amor salva apenas o coração, mas não salvará tua vida. O amor é inconstante, inseguro e pode mudar... (by Míriam Coelho)

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

sei lá

Já desconfiou da vida a ponto de estender a mão sob a chuva para sentir que é real? Já teve momentos em que parou de pensar para contemplar a cena em volta, como uma fotografia prestes a ser colocada no álbum? Já notou curiosamente as pessoas que passam do seu lado, como se fossem apenas figurantes da fantasia?
O carrossel dá voltas e a paisagem nunca é a mesma. E não notamos que não se repete, estamos tão focados no dentro que esquecemos os de fora. Também não vemos quando é hora de trocar de brinquedo e deixamos o ticket sempre se renovar. É o círculo viciante que gira numa pequena migalha do grande universo, mas na nossa visão, estamos parados e tudo está girando em torno de nós.
(by Míriam Coelho)

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Ratueira

  1. Tinha um ratinho de laboratório que saiu para o mundo, pensando que este é igual ao seu laboratório, mas o ratinho só conseguiu dar voltas em torno do próprio rabo e quando finalmente descobriu que o mundo é diferente do seu laboratório ele desmoronou. Assim muitos de nós somos... temos crenças, idealizações fantásticas sobre a sociedade.
  2. Quando crianças não estamos diretamente ligados ao mundo social, nosso contato é através dos pais e responsáveis, e quando as cordas de proteção são rompidas levamos o choque contra a parede de concreto. Uma longa escalada até o topo. Nada do que acontece foi previsto, e se de alguma forma foi imaginado é porque vimos em alguma novela ou filme. Não, as novelas e os filmes não são reais, nem a maioria de nós termina a vida ao lado do príncipe (ou princesa) encantado (a), ricos e cheios de filhos perfeitos. No entanto algumas cenas se repetem, alguns fatos se assemelham a "telinha". Somos personagens vivos, com longas participações de atores figurantes.
  3. A idéia de filme não anula a idéia do muro de concreto e a escalada. Uma vez um amigo me disse que isso era a vida e que todos correm para chegar ao topo. Só que eu discordei dizendo que algumas pessoas só querem encontrar um canto com a vista perfeita para admirar a paisagem, o topo não interessa. Então surgiu a frase "e aqueles que estão correndo para chegar ao topo passam por cima dos outros que apenas estão procurando a vista perfeita". Então como devemos agir nesse corrida maluca (a sociedade)?

(by Míriam Coelho)

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Brinquedo

Éramos crianças e pensávamos que o mundo era menor ainda, e brincávamos de grandes num universo muito mais imenso.
Não tínhamos as manhas desse jogo, mesmo assim, tivemos que aprender a passar de fase. Nessa brincadeira que é a vida nos escondemos e nos achamos no meio dos espinhos; e nem as marcas dos ferimentos mais antigos saram, até hoje, pelo caminho.
Somo, agora, adultos fingindo ser crianças para não vermos o que perdemos. E no "cirandinha vamos todos cirandar", eu me pergunto, para onde foram todos os nosso ideais?
Sentimos o desgosto em nossos estômagos sem nem provar uma colheirada do purgante. E nos escondemos sob os cobertores com medo dos monstros de fora dos guarda-roupas.
Nos tranformamos em reis sólidos de um reino sem habitantes, e destruidores dos bravos aventureiros que, inutilmente, tentam ultrapassar as nossas muralhas.

(By Míriam Coelho)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Solidão ou nada?

Você já sentiu que nada em volta faz algum sentido? Como se não soubesse se você está vivo e o resto das pessoas mortas, ou se é você quem morreu e elas estão vivas? Isso é tão comum e acontece com tantos que nem temos ideia. O fato é que realmente estamos perdidos, e a maioria das pessoas que nos deixam apáticos já morreram mesmo! Não há nada a fazer. Outros estão na mesma linha que a nossa e não nos farão sentido algum porque também não sabem quem são.
Em momentos como esses o certo é esquecer a idéia de que alguém irá nos salvar, porque você entendeu mal o conto-de-fadas. Não é isso. Ninguém salva ninguém. Somos nós mesmos que nos perdemos do nosso verdadeiro "Eu", passamos por provas cruéis até nos reencontrarmos e vivermos felizes para sempre.
Sabe quando somos crianças, é dia do papai e da mamãe, então pensamos no melhor presente e a melhor forma de dá-lo para que gostem mais de nós? É hora de repetir o mesmo consigo! Pense no que seria bom para você, não pouca coisa porque você quer se amar mais, e se empenhe na tal ideia. Tranque-se no quarto se for preciso, fuja dos outros se também for necessário, e não espere que o mundo ao redor faça o mesmo por ti. As pessoas ao redor são espermas tentando passar, enquanto você já está dentro do óvulo.

(by Míriam Coelho)

terça-feira, 20 de julho de 2010

A verda é que...

... Com você aprendi a chorar.
Com você aprendi a entender
Palavras que eu nem sabia que existiam.
Com você eu aprendi a sonhar como criança
E entendi que minha vida longe de você me mata.
Só percebo, então, que estive morta quando você volta.
Com você aprendi a rodar feito uma criança
á olhar para o mundo que fica fora do gira-gira.
Por você ajo mesmo como uma menina
Que sonha com a continuação do conto-de-fadas.
Você não é o príncipe, o guerreiro, ou o super-herói
Que veio para salvar o mundo.
Você é apenas aquele que faz a diferença no meu coração.
By Míriam Coelho

terça-feira, 6 de julho de 2010

X da questão

Sentimentos mudam, os meus deveriam também
A dimensão paralela onde vivo é longe, distante
E aquele cavaleiro jamais sairá para me alcançar.
Os sentimentos mudaram e os meus continuaram...

Eu não queria estar nesse barco
Mas ninguém queria estar em barco algum.
Nesse mar, ou somos pássaros, ou havemos de boiar
Porque peixes são aqueles que nos puseram nesse mar.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Utopia - Míriam Coelho

Esvazio a mente e fixo os pés na costa
Caminho sem rumo na beira destas águas
Procurando por um caminho perdido
A alameda confusa dos meus sonhos


Não quero mais acordar aqui
A fuga para o jardim perdido é só o começo
O começo de um novo alento profundo
A descoberta do meu paraíso perdido

A onda me acerta violentamente
Com a mesma ira que esse mundo me destrói
Não há porque fugir, ela vai me alcançar sempre
Apenas paro e espero o inevitável

Então não haverá mais solidão
Não haverá mais dor, muito menos rancor
Apenas o vácuo da imensidão deste novo jardim
A utopia que me abriga das trevas concretas.

Míriam Coelho

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Às vezes nos tornamos tão sonâmbulos que já não sabemos se estamos dormindo ou acordados. E se isso é um sonho eu quero acordar agora mesmo.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O Jardim de Emiele

Havia uma estátua no jardim de Emiele. Era o monumento de estruturas mais álgidas e coalhadas de rachões dentre tantas estátuas de tantos jardins do reino. Mas aquelas fendas e defeitos eram tão perfeitos para a menina que, de tanto espiar a estátua pela janela, Emiele se enamorou!


Todo o dia de manhã a menina ia para a janela admirá-la, nem que fosse por toda uma manhã, até cansar. À tarde levava presentes, para que a estátua também se enamorasse. E à noite a jovem ouvia as histórias da estátua - julgava-se muito vivida e velha. E assim crescia o lasso entre ambos os corações. Depois de um tempo, já não havia um dia em que Emiele e a estátua conseguissem ficar longe uma da outra.



No entanto, um dia, a estátua se afastou. E Emiele nunca mais a procurou, pensando que seu grande amor a abandonara de vez. Foram dias de solidão e fuga do próprio coração. A menina fugia do próprio quintal, para não relembrar de sua estátua.



Certa vez, a estátua voltara para o Jardim e Emiele voltou a sentir-se feliz. Mas toda aquela alegria durou pouco, porque ela percebeu que a estátua tinha novas rachaduras e aos poucos estava morrendo. Emiele em desespero tentou salvá-la. Vagou pelo mundo em busca da cura, do material necessário para reconstruir as estruturas marmóreas do seu grande amor. No entanto a estátua não se importava, não queria ser salva. E um dia, desses em que a jovem mais precisava da sua companhia, a estátua desmoronou e seus restos não foram mais tocados. Emiele voltara a sua solidão de sempre.



Os cacos ficaram no jardim. E todos os dias, quem passa por lá, se pergunta por que a jovem Emiele não visita mais o jardim, pisam nos estilhaços da estátua e nem sabem que estes foram um dia o grande amor de Emeile.

By Míriam Coelho