Ontem e muitas vezes eu chorei de raiva... hoje eu choro de saudades. Não te verei mais como a pessoa que me magoou, mas como alguém que me proporcionou bons momentos.
A primeira vez que te conheci estava pouco me importanto. Te julguei mais um bêbado das festas que fui. No entanto algo mudou naquela mesma madrugada, você disse as palavras que me fizeram acordar, te enxergar, lembra? Falou das pessoas que se escondem em suas casas com medo de viver, gritava ideias que sempre tive e jamais pensei que você também as teria. Era um homem, no meio da madrugada, que gritava filosofias enquanto todos dormiam.
Os nossos primeiros meses juntos foram muito bons. Passeávamos enquanto conversávamos sobre nossas filosofias malucas. Tínhamos planos e nossos planos combinavam naquele momento, éramos dois indivíduos com planos que se encaixavam.
Quando estávamos juntos, nos desejávamos e nos gostávamos. Havia respeito e muito afeto. Tudo era novidade.
Contudo, as coisas foram mudando, perdendo o controle, e nem percebemos. Nós perdemos a visão da nossa relação. Você começou a ficar cada vez mais incompreensível e eu respondia com atitudes imaturas a cada grosseria e incompreensão sua. Nossos momentos de carinho e desejo foram ficando cada vez mais raros, dando lugar às tarefas que nos distanciavam emocionalmente. Você lia revistas de skate e eu perambulava na praça sozinha, pensando porque éramos tão diferentes daqueles outros casais.
Um dia, como tudo que acaba, brigamos, nos desgastamos de uma forma que jamais imaginávamos. Tudo acabou. Passei dias com raiva, com mágoa e nem sei o que você sentiu de tudo. Mas hoje, que o ar está sereno, vejo que a culpa foi toda nossa. Deixamos nossos problemas pessoais invadirem o relacionamento e nos destruírmos. Os momentos bons que tivemos não foram suficientes para nos salvar de nós mesmos.
Uma vez você escreveu que não tínhamos muito tempo em uma de suas músicas, disse que era um pressentimento que surgia toda vez que eu te chamava de “amor”, lembra? Ficamos tristes pensando nessa hipótese. Lembra que eu joguei o dado três vezes sobre a aposta de que se desse par em todas ficaríamos juntos? Fiz isso para tornar o diálogo mais leve e nos dar esperanças. Você disse que tudo dependeria de nós… erramos. Nos perdemos para sempre sem os grãos que marcam o caminho de volta.
Ontem eu achava que um dia chegaria a te odiar, hoje eu sinto sua falta, é possível que amanhã só haja boas recordações e a aceitação de que tudo são histórias, de que já não é eu que te faço feliz e sim outra. Não guarde recordações más de mim. Você estará em meu coração, em algum lugarzinho dele, para sempre. Te gosto, mais uma das minhas histórias de amor. O que sei é que você não será o último. Apenas mais um que me desanimou ao fim de tudo.