Engraçado como é o amor. Não nos deixa enxergar nem os mais obvieis aspectos da personalidade de uma pessoa. Hoje, depois de sofrer anos da mesma paixão, consigo enxergar com outros olhos todo o script encenado. Achei hilárias as minhas várias horas sofridas ou encantadas com uma pessoa muito boa, porém que não serve para mim.
A começar, por aqui, peço desculpas ao meu amigo, a quem sigo o blog e segue o meu, pelas várias horas de choro e palavras sobre o mesmo nome. Tu realmente és um grande amigo, para aguentar todas as histórias idiotas em torno de alguém que me mantinha na mesma idiotice e contornava toda a lucidez com palavras insanas.
Não vim aqui para ofender ninguém, protestar quanto a ações fúteis ou ignorantes. Apenas achei divertido comentar algo que venho percebido há pouco tempo e também gostaria de dividir tudo com pessoas que, talvez, sofram da mesma febre que é não se enxergar e achar que qualquer um serve para a sua vida.
Normalmente a carência nos leva a conviver com pessoas erradas, mas é muito habitual não sabermos o que realmente queremos, quem somos e consequentemente nos envolvemos em situações confusas, distantes do nosso verdadeiro âmago. E não se enganem, não digo que tais amores – assim como minha ex-paixão – são pessoas erradas, não me refiro ao caráter delas. Podem ser pessoas maravilhosas, com características inigualáveis; somente são erradas para a essência de quem destina o carinho.
Há pouco tempo tive a oportunidade de conhecer-me melhor. Tomar contato com a pessoa dentro de mim, me servindo como minha única companhia durante dias. Confesso que nos primeiros era assustador, parecia um monstro pleno a me engolir, porque eu não enxergava minhas características, enxergava apenas a solidão transfigurada de monstro do fundo do poço. Aos poucos, convivendo com esse bicho, pude enxerga-lo na sua verdadeira face: eu! Passei a comprar coisas para mim. Rejeitar obejetos que eu nunca gostei, mas guardava sei-lá-por quê! Se eu queria ver tal filme no cinema: ia comigo mesma e não havia melhor companhia. Se queria apreciar um evento cultural: não havia outra pessoa que amaria tal programa tanto quanto eu.
Depois de algum tempo voltei a conviver novamente num grupo, novos amigos, novos rumos. No entanto passei a notar certas novas atitudes minhas. Estava sendo mais seletiva em tudo que chegava a mim, principalmente nas relações afetivas. Isso nunca foi normal antes. Passei a perceber que tais coisas combinam comigo, me servem, me fazem bem e outras não.
Talvez assim seja a paixão. Mas falo aqui, apenas, da paixão. Porque o amor pode estar em qualquer lugar, nas pessoas mais contraditórias e não obvias da nossa vida. O amor é uma experiência, é um aprendizado, uma mudança, é tudo que levaria à páginas de digitação nesse blog. A paixão é a loucura, o desastre, a montanha russa que serve como provação para as próximas fases do nosso vídeo game, digo vida.