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No Hospício

“A palavra não deve ser para a alma senão um sinal misterioso, muito discreto, muito austero, muito augusto, só perceptível à visão dos espíritos. Parece mesmo uma deplorável extravagância da nossa natureza incompleta este capricho de reduzir a medida e a cadência as grandes emoções a que a alma se exalça em certos momentos.” (Rocha Pombo)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Quando foi que deixei de ver?

E quando você cansa de cantar e quer também dançar?
E quando você se indaga: onde é que todos foram parar?
A vida parece estar girando longe do redor de você
E por mais que você corra, ela jamais retrocede a chance.

Eu queria também participar,
Eu também queria rir e dançar,
Eu também queria fingir que dará tudo errado,
Quando na verdade as coisas vão sair a meu benefício.

Cansei já de chorar por quem nem sabe o que é isso.
Mas como posso seguir em frente se nem assimilei isso?
Eu vejo a paisagem rodar lá longe
E não posso nem me jogar para dentro.

Onde foi que estive todo esse tempo?
Por que foi que não vi nada disso antes?
Onde foi que minha alma esteve todas as vezes?
Por que será que jamais vi quem era o que antes?

Os tombos se tornam mais difíceis à medida que você cai sempre no mesmo lugar.
E não há muito que se possa fazer quando os hematomas começam a arder e secar.
Se é tudo uma ilusão, onde está aquele que vela o sonho e nos acorda?
Ou estamos vivos num mundo de gente dormindo, ou nós é quem estamos dormindo,
Num mundo de gente acordada.

E por mais que você tente escrever,
Nem todas as palavras do mundo descrevem você.
A medida que os anos vão se aproximando,
Eu percebo os buracos que ficaram perdidos no caminho;
Se eu estou fora dessa roda que gira por ai,
Não adianta lutar, as mãos não te cederão um lugar.


Míriam Coelho

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Então é isso

Tudo indica que você está indo embora e não há nada que eu possa fazer. Não percebi isso ainda? Esse é o nosso destino: separados e unidos apenas por um fio de lembrança. Parecia que tudo estava escrito para nós, a música, a euforia, o sonho. Mas então, é isso, chegamos ao final e esse é mesmo o fim, com esse gosto amargo e fervente na ponta da boca, que escorre lentamente pela minha garganta, me imobilizando, me sufocando. Já não me esquivo mais do frio e dos golpes violentos do meu mundo, o meu teatro de panos. E a cada golpe eu me torno mais entorpecida do que antes. Esse é o meu destino e eu não percebi ainda? Como num pesadelo eu gostaria de me mover, lutar e sair do lugar. Mas uma força muito mais forte me impede, e essa força é você! De nada adianta te buscar no alto da torre se não consigo nem subir sozinha. Esse é o meu destino e eu não percebi isso ainda? Porque lá no fundo ainda quero que seja mentira... ainda quero chegar até você e jamais te perder... ainda quero escutar em suas palavras "compreendo seu mundo"... ainda quero descobrir que você é mesmo aquele que gosta de mim... porque mesmo te magoando pelas mãos dos meus demônios de pano eu ainda gosto de você.