Meu mundo ★: Labirinto

domingo, 1 de julho de 2012

Labirinto

O labirinto se estende por uma variedade infinda de quilômetros à frente.

Eu corro! Meu corpo está cansado, há pouco um golpe me levou ao chão, e no chão eu quis ficar. Não era algo tão grande, mas perdi algo que parecia ser essencial. Só agora eu vi que tudo que tenho agora é essencial e que, sim, estou ainda incompleta. O que me falta é justamente o que jamais teria me levado ao chão com tanta rapidez e tom. O labirinto não é sem objetivos. Todos percorrem algum caminho confuso, escuro e cheio de demônios ocultos. Contudo poucos percebem a essência e propósito disso aqui.

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No Hospício

“A sociedade – diz o senhor – é ainda mais bárbara. Não há dúvida; mas é sempre menos bárbara do que a sociedade de ontem, e infinitamente menos bárbara que a sociedade de há dez mil anos. Isso, portanto, quer dizer senão que é a própria sociedade, mesmo com os seus processos falhos, que tem vindo a combater a barbárie? Agora, meu caro, imaginemos que ante a iniqüidade antiga estava a ação moral dos representativos; que o herói sucumbia; que a força invisível que rege as almas ou que dirige os espíritos desde o princípio, cessava de operar: não teria, por ventura, não é certo que teria a sociedade permanecido eternamente no seio de uma sociedade estranha ou infensa a almas?” ( Rocha Pombo)

O túnel

“Não, não é que fosse mais superficial – aduzi, como se falasse comigo mesmo. – Não sei, tudo isso tem algo a ver com a humanidade em geral, compreende? Lembro-me de que, dias antes de pintá-la, tinha lido que em um campo de concentração alguém pediu o que comer e lhe obrigaram a comer um rato vivo. Às vezes creio que nada tem sentido. Em um planeta minúsculo, correndo para o nada há milhões de anos, nascemos em meio de dores, crescemos, lutamos, adoecemos, sofremos, fazemos sofrer, gritamos, morrermos, morrem uns enquanto outros nascem, para tornar a começar a comédia inútil.

Seria isso, verdadeiramente? Pus-me a refletir sobre essa idéia da falta de sentido. Toda a nossa vida seria uma série de gritos anônimos num deserto de astros indiferentes?” (O túnel – Ernesto Sábato)